Opinião

O ano só começa depois do Carnaval

Por João Carlos M. Madail
Economista, Professor, Pesquisador e Diretor da ACP
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Quem não ouviu dizer que o ano só começa depois do Carnaval? As festas de Natal, Ano novo, férias e Carnaval estão muito próximas, o que provoca certo entusiasmo nas pessoas, incentivadas com o recesso de muitas repartições, onde se cria a sensação do ano começar após toda a intensidade da celebração destas festas. Com algumas variações no calendário, o período pode até mudar, mas quase sempre o feriado dedicado aos foliões coincide com as férias escolares, recesso político e uma sensação de que janeiro e fevereiro são meses praticamente de festas. É um período perfeito para as pessoas darem desculpas para adiar o inevitável; trabalho, estudo e muitas coisas necessárias para colocar em dia.

Esse período acabou virando uma questão cultural e não dá para remar contra a maré nos meses de janeiro e fevereiro, pois tudo está mais lento e, para que a rotina oficialmente acelere, é preciso aguardar até que a última escola de samba circule pela avenida. Pode haver quem não concorde com a lentidão das ações no período, mas sempre ficará na dependência para resolver algo que para ele teria certa urgência. Para aqueles que trabalham no formato home office e precisa de tempo e tranquilidade para colocar seus afazeres em dia, é um bom momento, para recuperar o tempo tumultuado imposto pelo pleno funcionamento das instituições públicas e privadas. Com um olho nos desfiles da TV e outro na tarefa que executa, entre uma escola de samba e outra, vai listando todas as suas pendências e criando uma rotina para resolvê-las. No final das festas, o período de recesso servirá para planejar e executar todas as pendências sem a pressão da rotina de trabalho em tempos normais.

Para as demais pessoas que aguardavam ansiosamente os festejos de fim de ano para entrar no clima, deixando tudo para trás, as dificuldades no recomeço são um pouco maiores, exigindo correr contra o tempo até que tudo volte ao normal e até se queixar que o ano está passando muito depressa. Existe uma palavra não muito falada, mas presente na prática das pessoas que se chama procrastinação. Significa adiamento de uma ação, ou na linguagem comum "empurrar com a barriga". Grosso modo pode-se dizer que é aquela mania de deixar tudo para depois. Adia-se o máximo possível algo que se poderia ter começado antes. A procrastinação é um comportamento considerado normal ao ser humano, no entanto pode ser muito prejudicial quando começa a impedir o funcionamento de rotinas pessoais ou profissionais. É muito fácil as pessoas alegarem a falta de tempo para fazerem coisas importantes, mas ocupado, comumente para fazerem coisas irrelevantes. Não se aconselha que as pessoas interrompam seus períodos de descanso para atender negócios ou outras tarefas consideradas relevantes para a sua vida começar bem o ano.

Os primeiros 60 dias do ano ficam, de fato, comprometidos em termos de resultados para os negócios, faturamento, objetivos e metas profissionais que deixarão de ser iniciados por falta de foco e planejamento efetivo para esse período. Entretanto, terminado o Carnaval e com o início das aulas, é necessário que a vida profissional retorne à normalidade, sem qualquer postergação, sob pena de comprometer planos e metas para mais um ano que promete anunciar novas perspectivas para todos, pelo menos no conteúdo dos discursos dos candidatos ao pleito de outubro.

Afinal é ano de eleição, o que exige estar atento e seguro na escolha dos indivíduos que definirão tudo que diz respeito ao bem público, à vida em comum, as regras, leis e normas de conduta da nossa vida. Então o Carnaval acabou e agora que começa o ano para valer. A partir de agora se torna inevitável pensar em como vamos alavancar as receitas: ou como vamos atrair pessoas felizes para as organizações que atuamos

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