Opinião
O setor externo da economia brasileira em 2023
Por João Neutzling Jr
Economista, Bacharel em Direito, Mestre em Educação, Doutorando em Sociologia, Auditor estadual, Professor e pesquisador
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O primeiro ano do governo Lula (PT) foi muito positivo para o setor externo da economia brasileira. Apesar de todas as consequências nocivas da pandemia de Covid-19 e dos conflitos militares no mundo.
No ano passado, o País obteve um saldo positivo na balança comercial de 98,9 bilhões de dólares (exportações maiores que importações). É o melhor desempenho brasileiro em 34 anos, um aumento de 60% em relação ao ano anterior. Sinal de que a política econômica do governo federal operou de forma muito eficiente.
O País exportou 339,7 bilhões dólares e as importações foram da ordem de 240,8 bilhões de dólares. Destaque do complexo soja nas vendas externas.
Fato negativo, porém, é a dependência brasileira do agronegócio e commodities (produtos do setor primário da economia) que são sujeitos aos humores da lei de oferta e demanda em escala planetária e tem pouco valor agregado. O Brasil está há décadas sofrendo de desindustrialização e reprimarização na pauta de exportação.
O clima em 2023 foi tão favorável que o País registrou volume recorde turismo receptivo (quando o país recebe turistas, sendo o turismo emissivo quando envia turistas ao exterior). Os turistas injetaram R$ 35 bilhões, ou 6,9 bilhões de dólares, (mais do que na Copa do Mundo de 2014) o que aumentou a ocupação da rede hoteleira, aumentou a oferta de emprego, pagamento de impostos e aumento da massa salarial. Tudo isso devido ao clima favorável e otimismo do novo governo segundo os turistas. Sem olvidar o notável trabalho da Embratur de recuperação da imagem brasileira no exterior depois de quatro anos de obscurantismo vilipendioso e nefasto.
Segundo estimativas preliminares, o País recebeu cerca de seis milhões de turistas.
Item relevante foi o desempenho do saldo em transações correntes que apresentou déficit de 28,6 bilhões de dólares, ou seja, uma redução de 40% em relação ao ano de 2022.
O saldo em transações correntes (TC) é composto de:
Balança comercial: exportação menos importação;
Balança de Serviços;
Renda primária (recebimento de juros, dividendos e salários) e Renda Secundária (transferências unilaterais).
Ou seja, TC = BC + BS + BR
A renda primária foi deficitária em 72,4 bilhões de dólares decorrente principalmente das remessas de lucros das multinacionais que operam no País.
O déficit na conta de serviços atingiu 37,6 bilhões de dólares, uma redução de 5% em relação ao ano anterior.
As reservas internacionais terminaram o ano em 355 bilhões de dólares, o que nos deixa em situação muito confortável em relação ao risco cambial. Enquanto nossa vizinha Argentina está com o saldo zerado tendo de recorrer ao FMI para recompor seu caixa. Salienta-se que a robustez do volume das reservas cambiais do País é a maior garantia da solvência nacional.
Entre os desafios do comércio exterior nacional estão melhorar a infraestrutura portuária para reduzir tempo de permanência e agilizar embarque/desembarque produtos, manutenção mais efetiva das estradas que fazem escoamento da produção, diversificar a supply chain (cadeia de fornecedores) de modo a reduzir dependência de poucos parceiros comerciais, exportar mais produtos com maior valor agregado, entre outros.
Espera-se em 2024 repetirmos o padrão de superávit comercial com maior diversificação de produtos e de consumidores externos.
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