Nery Porto Fabres
Professor
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Qualquer brasileiro em bom estado de saúde mental tem a capacidade de entender a política brasileira. E este é o problema atual no Brasil: encontrar um indivíduo em pleno estado de consciência. Está todo mundo louco por aqui. Há uma farmácia a cada cem metros, um posto de saúde por bairro, isso em quaisquer municípios deste manicômio chamado Brasil. Os hospitais estão fazendo as filas dobrarem pelas quadras.

Disseram-nos insistentemente que Lula era ladrão, que o juiz Sérgio Moro, junto de sua Operação Lava Jato, desencadeou a maior investigação criminal de todos os tempos. Convenceram-me e a outros muitos brasileiros que havia uma organização criminosa agindo no porão do Congresso Nacional, no Palácio do Planalto e nos tribunais.

Impuseram-me goela abaixo todas as evidências de crimes contra a administração pública. Fizeram-me a replicar por todos os canais essas informações. Geraram o caos na política, quebraram as barreiras da credibilidade na imprensa, destruíram o respeito pela Justiça.

Produziram uma névoa de desconfiança em tudo e em todos. Separaram as famílias por ideologias políticas. Criaram o bom e o ruim, o bem e o mal, o nós e o eles. O trouxa e o esclarecido, o estúpido e o esperto, o idiota e o inteligente, o oportunista e o cientista. Enfim, fizeram uma zorra nos limites deste Estado-nação e do canteiro de votos que elegem esses vigaristas.

Agora querem nos convencer que fomos usados pela mídia. Que a Justiça foi reestruturada e a salvação foi trazer para baixo da toga do STF o advogado que desarticulou todas as manobras da Justiça corrupta. Neste novo cenário político, o ex-presidente irá ser o foco das atenções e aos seu ex-ministros serão apontados todos os dedos indicadores. Todos eles que compuseram a gestão de governo anterior terão suas vidas atacadas pelas investigações revanchistas.

Irão provar, por todos os meios de provas, que o ex-juiz Sérgio Moro chefiava um esquema ilegal para caçar políticos honestos, de bem, trabalhadores e santos. Querem me fazer crer que os congressistas viraram bonzinhos, que as empreiteiras acusadas de conluios são as melhores do Brasil e irão retomar as obras superfaturadas.

Seremos obrigados a aceitar as novas narrativas produzidas em estúdios de que esses bons homens que estão no poder irão provar que o governo anterior era composto por milicianos, bandidos, corruptos. E lá vai o Brasil aumentar os impostos do povo, vender fofocas e garantir que tudo é pilantragem.

E mais farmácias irão abrir as portas para vender drogas ao povo confuso, esquizofrênico, perturbado, estressado. Mais médicos irão chegar nos postos de saúde de filas intermináveis. Virão também enfermeiros, psicólogos e todo o tipo de assistência social para garantir que as doenças físicas e mentais deste povo desorientado pela política, e fácil de se manipular pela mídia, permaneça no estado em que está.