Canguçu

Câmara de Canguçu abre processo para cassar vereador após fala racista

Vereador diz que fala se referia à vídeo pornográfico

Foto: reprodução - Vereador tentou justificar que fala ocorreu em contexto privado

O caso do vereador de Canguçu Francisco Vilela (PP), que teve uma fala de teor racista e sexista vazada durante uma sessão da Câmara do Município na semana passada, continua repercutindo e virou uma pauta da Casa na noite de segunda (12). Na sessão, os vereadores também aprovaram a abertura do processo de cassação do vereador.

Sob vaias do auditório da Casa, que estava lotado, Vilela se justificou dizendo que o que disse aconteceu em um contexto privado com o vereador Ubiratan Rodrigues (PP) (veja o video abaixo). O vereador afirmou que a fala não se referia especificamente à servidora, e sim a um vídeo pornográfico. “Cunho racista por quê? Eu não ofendi a nação afrodescendente, eu não ofendi ninguém. Era conversa [entre] eu e o vereador sobre um assunto nosso, a questão de um filmezinho pornô que nós estávamos ali comentando”, tentou justificar Vilela, sob gritos de ‘cassação’ e ‘racista’ da audiência.

Antes da fala de Vilela, Eliane Rusch, a servidora a quem os insultos teriam sido dirigidos subiu à tribuna para agradecer a solidariedade quem vem recebendo. “Que isso não se repita e que a justiça seja feita”, disse. Na oportunidade, o presidente da Câmara, Luciano Bertinetti (MDB), também concedeu fala a representantes do movimento negro. Daniel Soares, representante do Centro de Integração das Entidades da Metade Sul (Ciem), que congrega 16 comunidades quilombolas da região, pediu a cassação de Vilela e condenou a fala do vereador.

“A justiça tem que acontecer, porque é inadmissível, quando uma mulher está executando o seu trabalho ter que ouvir tais palavras”, disse Soares. “Esse não é um problema dos pretos e pretas. É um problema de quem é humano. É dos brancos e brancas que têm humanidade, que querem ver uma sociedade melhor”.

A vereadora Iasmin Roloff (PT), única mulher da Câmara de Canguçu e que também já foi alvo de discursos sexistas, também lamentou a fala racista. “Canguçu tem tanta coisa boa pra mostrar, mas infelizmente quando aparece em rede nacional por coisa ruim, que nos machuca, que dói na gente. Infelizmente, dessa vez foi por um crime. Nós não podemos aceitar esse tipo de coisa”, disse.

Entenda o caso
Em um intervalo da sessão da Câmara de Vereadores de Canguçu do último dia 5, o microfone do vereador Francisco Vilela (PP) ficou aberto e possível ouvi-lo dizendo "negrinha p**, p** que é um raio, a filha do [nome]". A fala seria direcionada a uma servidora que acompanhava os trabalhos dos vereadores, que na ocasião discutiam a situação de técnicos de enfermagem do Município.

A situação só veio à tona horas depois, quando foi notada na gravação que foi transmitida pelo YouTube. A servidora registrou um boletim de ocorrência e a Polícia Civil vai investigar o caso. O vídeo viralizou nas redes sociais e o caso repercutiu nacionalmente.

Ainda na semana passada, a executiva municipal do Progressistas, partido de Vilela, emitiu uma nota condenando a discriminação. O partido também convocou a comissão de ética para expulsá-lo da sigla. O partido anunciou uma coletiva de imprensa na tarde desta quarta (14) para esclarecer o posicionamento do partido sobre o caso.

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