Preservar vidas. Essa é uma das frases mais pronunciadas desde o início do mês no Rio Grande do Sul, quando as águas de rios e lagoas mostraram suas potências e o poder de devastação. Nesse momento de enfrentamento às enchentes, órgãos de segurança pública triplicaram suas jornadas de trabalho para salvar vidas. Seja retirando pessoas de área de risco, fazendo resgate, patrulhando comunidades inundadas, investigando quem tenta se aproveitar do momento de fragilidade da população aplicando golpes pelo pix - ferramenta muito usada pelos Brasileiros para ajudar o Estado a se reerguer - e, claro, cumprindo a missão de assegurar a segurança e a vida das pessoas, pois mesmo diante o caos, o crime não deu trégua.

Em Pelotas e região, onde as ações de prevenção estão garantindo o resguardo de pessoas que moram em área de risco, o trabalho da Polícia Federal, Polícia Civil, Brigada Militar e Guarda Municipal é ininterrupto e os órgãos ainda contam com o reforço de agentes de outros Estados.

Paralelo às ações, a missão de cada órgão não ficou desguarnecida. Foram várias as prisões de criminosos que praticavam roubos no centro e flagrantes de suspeitos com drogas e armas pela cidade. Um dos feitos que mais chamaram a atenção foi a prisão pela Draco dos acusados do latrocínio do dia 28 de março, quando o jovem empreendedor Henrique Raffi foi morto com um tiro em uma tentativa de roubo de um celular na Zona Norte de Pelotas.

Polícia Federal

A Delegacia da Polícia Federal em Pelotas, por exemplo, tem auxiliado na segurança pública do Município e de São Lourenço do Sul. Essa ação tem sido diária desde o chamamento do órgão aos gabinetes de crise municipal de Pelotas e regional do Estado. “Em Pelotas, atuamos inicialmente em apoio aos resgates e evacuação de moradores e de animais das áreas de risco”, contou o titular da delegacia, Rafael Domingues Mardini. Após os salvamentos, as equipes iniciaram o apoio de rondas ostensivas. Sem contar as visitas aos abrigos. “Estivemos também com o apoio da área de policiamento marítimo, com patrulhamento embarcado ostensivo nas áreas alagadas e atuação conjunta com outras forças de segurança. Além da coordenação aérea operacional com o envio de helicóptero que fez sobrevôos.” Em São Lourenço do Sul a ação é de apoio em geral, incluindo rondas e atuação integrada com outras forças.

Polícia Civil
O titular da 18ª Delegacia Regional de Pelotas, delegado Márcio Steffens, explica que o papel da Polícia Civil se modificou um pouco diante da crise climática, mas nem por isso a missão de investigar os crimes esmoreceu. “Estamos auxiliando em rondas e patrulhamentos nas áreas alagadas e também nas evacuadas de forma mais ostensiva e preventiva. Esse trabalho, assim como a presença nos abrigos implementados, ocorre 24 horas por dia.” Para o delegado, a prioridade agora para às famílias atingidas é garantir a segurança, mas caso alguma tenha sido vítima de furto, arrombamento ou roubo, que assim que for possível, deve registrar a ocorrência.

Steffens tranquiliza a população, pois o papel da Polícia Civil segue sendo realizado normamente. Um exemplo claro foi a prisão dos suspeitos pela morte de Henrique Haffi. O titular da Draco, delegado Rafael Lopes, conta que para chegar até a autoria dos criminosos, foram examinadas várias câmeras de videomonitoramento do local. Logo que identificados, foi representada a prisão temporária da dupla, expedida pela Justiça. Mas como nesse meio tempo houve a divulgação de imagens e informações nas redes sociais, os suspeitos fugiram para Santa Catarina. Em um trabalho de parceria e do setor de inteligência da Especializada, a dupla foi presa em balneário Piçarras. “Um deles, inclusive, confessou o crime”, disse o delegado.

Brigada Militar
Um dos órgãos mais atuantes em meio à crise climática, principalmente nas áreas de risco, é a Brigada Militar. O comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), tenente-coronel Paulo Renato Scherdien, explica que a atuação com o policiamento ostensivo é realizado em várias frentes. Nas áreas evacuadas sem acúmulo de águas, através do policiamento motorizado; nas inundadas, com policiamento em barcos; nos abrigos com policiamento fixo e de patrulhamento de viaturas. O cuidado com a atenção social fica a cargo do Proerd. O 4° BPM também como ponto de coleta recebe donativos e após faz a distribuição aos abrigos.

“A Brigada Militar também apoiou o trabalho de evacuação das pessoas que atenderam ao pedido de saída de suas residências. Essa ação foi feita em conjunto com a Defesa Civil, o Ministério Público, Bombeiros, Brigada Militar e Guarda Municipal”, comentou Scherdien. Em relação ao saque a um caminhão de donativos na Colônia de Pescadores Z-3, a BM não foi comunicada e explicou que o acompanhamento de entregas é feito agora para apoiar a ação social.

Guarda Municipal
Muito diálogo. Assim, o efetivo da Guarda Municipal auxiliou as equipes da Defesa Civil e dos Bombeiros na retirada dos moradores das áreas de risco. De acordo com o comandante Yuri Lisboa, a GM segue atendendo as demandas da sala de operações, além de auxiliar a Defesa Civil, através da Sala de Situação. “Estamos intensificando o policiamento preventivo nos locais em que orientamos a população a evacuar suas residências, conforme o mapa de risco, divulgado no site da Prefeitura e atualizado nesta sexta-feira. “O efetivo trabalha 24 horas nos abrigos montados pela Prefeitura. “Seguimos intensificando o policiamento preventivo”, garantiu Lisboa.

Todo esse apoio é para garantir uma maior eficácia no trabalho desenvolvido pela Defesa Civil Municipal, juntamente com o Corpo de Bombeiros, que recebe militares de todos os cantos do Estado, e o Exército, que tem ajudado a população a salvar o pouco que resta dentro de casa. Esse trabalho tem garantido o resultado mais importante para a cidade: preservar vidas.