Rio Grande

Aditivo na recuperação da Ecovix traz otimismo ao Polo Naval

Com novo governo federal acenando ao setor e fôlego para atuação da empresa, expectativa agora é por projetos e empregos

Foto: Divulgação - DP - Expectativa é de novos contratos em 2024

Por Lucas Kurz

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Atualizada às 21h27min para acréscimo de novas informações

Com tons de esperança e decepção em proporções similares, a novela que envolve o Polo Naval de Rio Grande ganhou um novo retoque de otimismo. O Grupo Ecovix, proprietário do Estaleiro Rio Grande, assinou um aditivo para sua recuperação judicial e diminuição da necessidade de conteúdos locais, com aprovação de seus credores. O próximo passo, agora, é aguardar a homologação da Justiça. Junto a isso, há a expectativa pela diversificação dos negócios, como a atuação na produção de aerogeradores para produção de energia eólica.

Por meio de nota, a empresa informou que o aditivo ao plano de recuperação foi proposto para viabilizar ajustes ao projeto de reestruturação do Grupo Ecovix. A assembleia geral dos credores, realizada na última segunda-feira, teve 73% de aprovação dos credores quirografários (Classe III, sem preferência de pagamento) e por 100% dos credores microempresas ou empresas de pequeno porte (Classe IV). "A aprovação do aditivo ao plano pelos credores do Grupo Ecovix demonstra a confiança na retomada do setor naval e na diversificação do plano de negócios da companhia. Uma das dificuldades apontadas para justificar o projeto de reestruturação, via aditivo ao plano de recuperação, é a redução do conteúdo local em 25%", explica a nota.

Junto a isso, o Grupo Ecovix saiu da quinta para a oitava maior recuperação judicial do Brasil, ganhando fôlego. O DP fez contato com o diretor-geral da Ecovix, Robson Passos. Ele comemora a aprovação do aditivo em relação ao plano original, de 2018, em um momento que o governo federal acena ao setor. A versão anterior contava com um conteúdo local (incremento da participação industrial nacional) de 75%. Agora, passa a 25%. Outra vantagem é a possibilidade de utilizar outros negócios, além da construção naval. "Mantemos a construção naval como principal atividade, mas também diversificamos a atuação para buscar maximizar a utilização da infraestrutura."

A perspectiva do empresário é apostar no mercado eólico, aproveitando a localização de Rio Grande e a crescente deste setor no Estado para, por exemplo, produzir aerogeradores. "[Temos] grandes expectativas em Rio Grande. O estaleiro está em uma posição interessante para a construção das torres eólicas." Passos diz manter grande expectativa com o novo governo federal após acenos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao setor naval. "É difícil falar em prazo agora, mas acho que para o ano que vem a gente já tem expectativa de ter contratos na área naval", projeta.

Sindicato também celebra
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico de Rio Grande e São José do Norte (Stimmmerg), Benito Gonçalves, o reforço é visto com otimismo, somado ao cenário do novo governo. "É um fôlego. Tira a água do pescoço e joga para a cintura."

O sindicalista diz manter a expectativa de ver o Polo Naval forte novamente. O espaço chegou a gerar mais de dez mil empregos apenas nos canteiros da Ecovix, que tem o segundo maior dique seco do mundo e possibilidade de construir até três plataformas ao mesmo tempo. Gonçalves pede união entre os diversos setores e diz que o sindicato está disposto a colaborar na busca por contratos. "A gente tem feito muitas cobranças, mas estamos trabalhando junto com o governo no intuito de trazer obras. Neste momento tem que existir uma união."

Governo tem boas expectativas

Deputado federal eleito por Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer (PT) diz que existem muitos desafios no setor, mas a manifestação de Lula e integrantes do governo durante a campanha, transição e posse, firmando compromisso de retomada, traz esperanças. “Nós vemos no setor naval uma grande oportunidade de geração de trabalho, renda, emprego, de agregar tecnologia nacional e a demanda existe”, explica. O parlamentar cita diversas possibilidades de construções a serem feitas nos estaleiros da cidade, incluindo trazer de volta ao País construções que, hoje, o Brasil tem contratado de países asiáticos em contratos que passam das centenas de bilhões de reais, enquanto há estaleiros subutilizados por aqui. Ele comemora a possibilidade de novos contratos por parte da Ecovix e a possibilidade de utilizar tecnologia nacional nessas contratações. 

A reportagem tentou contato com o prefeito de Rio Grande, Fábio Branco (MDB). Ele se manifestou via nota. "Esse novo passo tem um significado especial para o Município. O Grupo Ecovix possui um dos estaleiros mais completos e modernos do mundo. É um ativo valiosíssimo dentro de um processo de retomada gradual da atividade naval que estamos buscando. Trata-se de um marco não apenas para a metade sul do Rio Grande do Sul, mas para a indústria brasileira."

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