Protesto

Movimento Negro cobra providência sobre caso racismo em Capão do Leão

Em reunião na Prefeitura, foi pautada possível readmissão de vítima das ofensas e da suposta agressora

Foto: divulgação - Movimento Negro se reuniu com o prefeito

Por Victoria Fonseca
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)

Cerca de um mês após uma estagiária da Prefeitura de Capão do Leão denunciar ofensas racistas proferidas contra ela por uma colega de trabalho, o Movimento Negro Leonense esteve reunido nesta segunda (23) com o prefeito Vilmar Schmitt (PP) cobrando providências do Executivo. No entanto, a vítima, que também esteve presente, reclama da possível solução indicada para o caso.

Na reunião ocorrida no gabinete de Schmitt, os representantes do Movimento apontaram que a atitude tomada pela Prefeitura na condução do caso não foi adequada, havendo ainda falta de orientação por parte dos supervisores das estagiárias. Isso porque, após relatar o ocorrido ao prefeito, a jovem denunciante e a amiga que a acompanhava no momento foram demitidas. A suposta agressora também foi afastada.

Conforme o vereador e integrante da organização, Edmar Barros, o Thyzyu (PDT), o entendimento é que as jovens estão em um período de formação e a punição deveria ser o último recurso a ser utilizado. Sendo assim, a demissão tanto da vítima e sua amiga, quanto da adolescente que teria cometido as ofensas não teria sido o procedimento correto. "O intuito foi buscar uma reparação porque a Prefeitura errou, o que foi reconhecido pelo prefeito e pela procuradora do Município. Os estagiários devem ser orientados e não foi feito nada disso, na verdade houve uma punição", diz Thyzyu.

O parlamentar ressalta que o propósito da reunião não é punir, mas sim ressaltar que racismo é um preconceito que deve ser combatido e repudiado. "E que essas pessoas, inclusive a agressora, aprenda que é errado e um crime", complementa.

Pedido de readmissão
O Movimento Negro solicitou ao prefeito que avaliasse a possibilidade das três estagiárias serem readmitidas. Ação que não agradou a vítima D.A.F, 17 anos. "Eu achei errado que a pessoa que cometeu racismo várias vezes comigo e com outras pessoas possa voltar ao trabalho. O certo seria que voltassem nós duas [ela e a amiga], não a racista. Nós fomos demitidas sem motivo."

Outro membro do Movimento, Rodrigo Valadão, explica que houve possível sinalização positiva por parte de Schmitt em relação à recondução das três ex-estagiárias, mas que elas seriam admitidas em setores diferentes. Para o autônomo, a atitude seria para tratar o caso em uma perspectiva pedagógica. "Não conviveriam no mesmo local. São meninas ainda jovens, então a gente quer tratar numa perspectiva de trazer uma consciência e não de sacrificar."

Para a adolescente, seria difícil voltar ao local de trabalho, caso seja readmitida, mesmo que a ex-colega que ela denuncia seja remanejada para outro setor. "Imagina ela voltar para o trabalho e fazer isso novamente com outras pessoas", ressalta.

Além disso, o Movimento solicitou ao prefeito que o poder público promova ações educativas no sentido de combater o racismo e promover a consciência negra.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura, que não respondeu.

Relembre
Em dezembro do ano passado, D.A.F. denunciou ao chefe de seu departamento na Secretaria de Finanças uma publicação no Twitter que teria sido direcionada a ela. No post, a ex-colega, que também trabalhava na pasta, teria escrito: "cabelo duro, toda torta, uma gelatina querendo se aparecer às 7:45 da manhã, mas vai nascer rascunho do diabo".

Apesar de não haver menção direta, os termos indicariam um recado direto à vítima em função dos deboches e tratamento que relatou estar recebendo no trabalho frequentemente. Após o relato, a jovem acusada foi demitida. No entanto, foi readmitida pouco tempo depois. Diante da situação, a vítima e sua amiga e colega recorreram ao gabinete do prefeito. Ambas dizem ter sido orientadas a voltar para o local de trabalho e depois afirmam ter recebido a notícia da demissão.

O caso virou boletim de ocorrência, registrado pelo pai da vítima, e um procedimento de apuração de ato infracional foi instaurado na Delegacia de Capão do Leão. Conforme o delegado Sandro Bandeira, o inquérito está em andamento e a previsão é que possa ser concluído nos próximos 30 dias.​

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