Praia

Cassino tem alta de acidentes com águas-vivas

Quase três mil casos foram registrados somente no final de semana passado

Foto: Alvaro Migotto/USP - reprodução - Olindias sambaquiensis é a espécie que mais causa acidentes

Por Douglas Dutra
[email protected]

Com mais um verão de temperaturas elevadas e praias lotadas, um perigo ronda a rotina dos banhistas que procuram os balneários do Rio Grande do Sul. Uma infestação de águas-vivas volta a gerar acidentes, e no Cassino, em Rio Grande, os números estão elevados nesta temporada.

Com a intensa movimentação na praia, foram quase três mil registros de ferimentos por águas-vivas somente no último final de semana. Apesar de todos os pontos do balneário estarem próprios para banho, os veranistas são alertados pela bandeira que sinaliza a presença das águas-vivas no mar. Segundo o Corpo de Bombeiros, desde o início da temporada já foram mais de cinco mil atendimentos por ferimentos no Cassino.

De acordo com pesquisadores, o litoral gaúcho é o que mais registra acidentes com esses animais no País. Entre 2017 e 2019, por exemplo, foram mais de 250 mil casos atendidos pelos Bombeiros.

Aumento de águas-vivas na região
Ainda não há consenso científico que explique o aumento da incidência de águas-vivas no litoral. No entanto, pesquisadores apontam que o aumento da poluição dos oceanos e da pesca predatória podem tem influência. Além disso, o aumento da temperatura das águas devido às mudanças climáticas tende a favorecer a reprodução desses organismos.

O professor do Instituto de Oceanografia da Furg Renato Nagata, especialista em zooplânctons marinhos, explica que a maior incidência de espécies de água-viva na região costuma coincidir com o período de veraneio. Estas mesmas espécies aparecem em praias de Santa Catarina e Paraná, mas fora dos meses mais quentes, o que diminui o número de acidentes.

Segundo Nagata, há indícios da diminuição de predadores naturais das águas-vivas, como peixes e tartarugas, devido às mudanças climáticas. "Há espécies de tartarugas que comem 500 quilos de águas-vivas, um único indíviduo, por dia. Então imagina a falta que não faz uma tartaruga dessas", explica.

De acordo com o professor, um dos principais pontos em que os banhistas devem estar atentos é na região dos molhes da barra, mas há registros de acidentes em todos os pontos da praia.

O professor Nagata projeta que a presença de águas-vivas no Cassino deve continuar elevada enquanto o tempo estiver estável. "Enquanto continuarem essas condições mais estáveis, com vento ameno e calor, o problema vai continuar. Quando entra uma frente fria, uma ondulação que mexe bastante com a água costeira, acaba se dispersando os animais para áreas mais profundas e o problema diminui."

O que fazer?
O Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (IO/Furg) possui um guia com orientações sobre como proceder em casos de acidentes. Segundo o guia, há mais de duas mil espécies de águas-vivas, a maioria inofensivas. Cerca de 70 espécies são maiores e peçonhentas e geram a sensação de queimadura no local.

O guia explica que não há queimaduras de fato, e sim a ação de venenos que são disparados por arpões venenosos da água-viva e penetram na pele humana, causando dor e marcas.

As orientações em caso de acidentes com águas-vivas são:

- Saia imediatamente do mar

- Lave o local com água do mar para remover ao máximo os tentáculos aderidos

- Previna novas inoculações. Não esfregue o ferimento com toalhas ou areia, procure desativar o envenenamento lavando com vinagre por alguns minutos

- Previna a dor com água do mar gelada ou gelo envolto por pano. Nunca use água doce ou gelo diretamente

- Diferencie casos de alergia. Se a pessoa apresentar espirros, roncos, chiados no pulmão e dificuldade para respirar, pode estar tendo uma reação alérgica mais grave, que pode levar a morte por choque anafilático ou por obstrução das vias aéreas. Outros sintomas podem ser lesões em outros locais do corpo, desorientação e inconsciência. Nesses casos, procure ajuda médica urgente.

Confira o guia completo acessando bit.ly/agua-viva-furg

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Rio Grande e UFPel dão início à fase prática do ProArbo Anterior

Rio Grande e UFPel dão início à fase prática do ProArbo

Movimento Negro cobra providência sobre caso racismo em Capão do Leão Próximo

Movimento Negro cobra providência sobre caso racismo em Capão do Leão

Deixe seu comentário