Em Canguçu, cidade que tem o título de Capital Nacional da Agricultura Familiar, os moradores demonstram indignação quando o assunto é a condição da estrutura no interior do Município. Pontes quebradas e estradas intransitáveis são os principais problemas apontados pela comunidade da zona rural, que teme pela segurança de quem trafega e pelos possíveis prejuízos para quem depende dessas vias para trabalhar.

As ocorrências estão espalhadas pelos oito mil quilômetros de estradas rurais do Município. No último dia 16, por exemplo, uma ponte no Corredor dos Crizel, no 4º distrito, caiu quando uma patrola da Prefeitura passou pelo local. "Aqui é uma situação crítica. Faz anos que a gente pede. Aqui passa três linhas escolares. E se fosse um caminhão, um transporte escolar ali? Depois que acontece uma tragédia, aí não tem o que fazer", questiona o agricultor Zenon Crizel, 60, que mora no local. A ponte, que tem 25 metros de comprimento, é feita de madeira. Segundo a Prefeitura, ninguém se feriu e a máquina também não foi danificada no acidente.

Já na localidade da Glória, no 1º distrito, a agricultora Daiane Lübke, 33, conta que há mais de um ano a população reclamava da condição de uma ponte. Algum tempo atrás, os próprios moradores acabaram resolvendo o problema improvisadamente. Agora, a situação voltou a piorar. "A gente paga nossos impostos e vive da [plantação de] tabaco. Precisa passar com maquinário nessa ponte. Até para passar com veículo, moto e trator dá medo, porque as madeiras estão soltas", diz ela. A situação é parecida no 2º distrito, na região da Florida, onde o agricultor Paulo Fernando Bederode, 42, também avalia negativamente a situação. "A [estrada] principal eles até arrumam, mas os corredores e pontes que são o problema. Já chamei a Prefeitura. Muitas estão comprometidas, podres por baixo", observa.

Muito trabalho pela frente

O secretário de Infraestrutura Rural de Canguçu, Mauro Silveira, conversou com o Diário Popular. Ele reconheceu a necessidade de manutenção e destacou o que vem sendo feito pela Prefeitura. "Nós temos 639 pontes distribuídas nos cinco distritos. Só em 2023, fizemos a reconstrução e manutenção de 175 pontes. A gente vem trabalhando muito na liberação de cascalheiras, na manutenção de estradas rurais. Implementamos o programa de substituição de pontes de madeira por galerias de concreto. Foram 45 pontes substituídas", detalha.

Segundo Silveira, atualmente oito equipes de manutenção estão atuando na zona rural e 37 pontes já estão listadas para receber reparos. O secretário destacou, ainda, o impacto dos eventos climáticos dos últimos meses no trabalho. "Essa situação tem afetado diretamente o trabalho da secretaria. Não estamos conseguindo fazer manutenção com durabilidade. Só durante as chuvas de setembro, 72 pontes foram avariadas", conta.

Silveira enfatizou, por fim, o que é considerado mais urgente pelo poder público no momento. "A prioridade agora é recuperar as estradas para o escoamento da produção de tabaco e soja. E, também, a volta às aulas. Estamos fazendo um esforço para recuperar essas estradas para que as crianças não comecem o ano já no prejuízo", finalizou.