Iniciativa
Transporte ferroviário de passageiros é cogitado no trecho entre Pelotas e Rio Grande
Viabilidade do modal de transporte está sendo estudado pelo Ministério dos Transportes; dentre as vantagens do trem estão economia, menor risco de acidentes e menor poluição
Foto: Carlos Queiroz - Iniciativa poderá atender a demanda de pessoas que trafegam diariamente entre as duas cidades
Os trens de cargas responsáveis pelo escoamento de produção que cruzam a Zona Sul poderão dividir espaço com vagões transportando passageiros. O cenário se tornou uma possibilidade, pois dentre os únicos seis trechos no País que o Ministério dos Transporte estuda para viabilizar as linhas dedicadas exclusivamente ao transporte de pessoas estão Pelotas e Rio Grande. A iniciativa faz parte de um plano de desenvolvimento do modal ferroviário como uma alternativa de transporte aos usuários e poderá atender a demanda de pessoas que trafegam diariamente entre as duas cidades.
Uma das prioridades do Governo Federal, a Política Nacional de Transporte Ferroviário de Passageiros (PNTFP) está em processo de elaboração e após a conclusão deverá ser publicada em forma de decreto. Conforme o Ministério dos Transportes, ao longo de 2023 a Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário promoveu inúmeras reuniões com representantes estaduais e municipais, assim como com pesquisadores para a elaboração do texto. A PNTFP também foi submetida a consulta pública e contou com 246 contribuições da sociedade.
Dentro da Política, os trechos estudados que apresentam a maior viabilidade para a implantação do modal com passageiros, estão o segmento entre Pelotas e Rio Grande. Os dois municípios são os únicos do Estado que são vistos como potenciais. A PNTFP estabelece que para os projetos será incentivado o uso da infraestrutura já existente e ampliação da malha ferroviária, desse modo, os mesmos trilhos da região utilizados para os trens de carga poderão ser via para o transporte de passageiros.
O Ministério dos Transportes não detalhou como se darão os investimentos públicos. Entretanto, as linhas deverão ser viabilizadas também como recursos privados e administração deverá ser por meio de concessão. A pasta detalha ainda através de nota que cada projeto deverá ser executado com um modelo único a depender das especificidades de cada segmento.
A PNTFP definirá as diretrizes para o desenvolvimento de normativos referentes às condições de operação, segurança, sinalização, itens mínimos de conforto, atendimento ao usuário e padrões de qualidade.
O retorno dos passageiros nos trilhos
Uma alternativa mais segura, eficiente e econômica, assim a especialista em transportes terrestres e professora do Centro de Integração do Mercosul da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Raquel Holz, define os trens de passageiros. "Não é à toa que na Europa todo o deslocamento e passeios podem ser feitos por trens, o transporte causa muito menos acidentes e existem muitos em rodovias, principalmente fatais", explica.
Para Raquel, o transporte de pessoas em ferrovias tem um grande potencial em todo o País, mas particularmente no trecho entre Pelotas e Rio Grande. Em razão das universidades nos municípios e da proximidade territorial, há uma parcela considerável de pessoas que se deslocam diariamente dia uma cidade para outra. "É uma demanda enorme de pessoas que moram em uma cidade, trabalham e estudam em outra, eu mesma fiz meu mestrado na Furg e me deslocava ao Rio Grande todos os dias".
Diariamente, ônibus e vans trafegam entre os dois municípios transportando estudantes universitários. "Além de poluir bem menos e carregar bem mais passageiros a menos custos, não tem pedágios. E também pelo prazer, tem toda a questão do turismo e o passeio de trem entre as cidades", finaliza.
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