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Zona Sul tem 18,8 mil habitantes a menos, aponta Censo 2022

Apenas três municípios da região cresceram nos últimos 12 anos; média de moradores por domicílio também diminuiu

Foto: Carlos Queiroz - DP - Apenas três municípios da região registraram crescimento

Nos últimos 12 anos, a população da Zona Sul gaúcha diminuiu 2,2%. Esse é um dos primeiros resultados oficiais do Censo 2022, do IBGE, divulgado nesta quarta-feira (28). A redução representa 18,8 mil habitantes a menos na região, que registrou aumento populacional em apenas três dos 23 municípios. Apesar da diminuição na Zona Sul, a população no território gaúcho cresceu e atingiu 10,8 milhões de habitantes.

Na avaliação da coordenadora do IBGE na região, Tatiana Gautério, além da redução populacional, os dados também apontam mudanças no jeito de viver. "As famílias estão nitidamente menores, com menos filhos e menos parentes convivendo em um único domicílio", observa. Na região, nenhuma cidade ultrapassou a média de 3,15 moradores por domicílio, registrada em Arroio do Padre. Tatiana também destaca que houve crescimento no número de domicílios ocupados. "Mesmo em municípios com queda de população, nunca realizamos tantos questionários. O Censo 2022 se tornou histórico em nossa região justamente por haver mais domicílios ocupados", comenta.

Sobre o trabalho, a coordenadora avalia que, apesar da pesquisa ter sido um processo longo e difícil, os resultados foram bons. "Os desafios foram muitos, com um destaque especial para algumas dificuldades no momento de esclarecer sobre a pesquisa aos moradores e evitar as recusas. Tivemos uma equipe diligente e dedicada que conseguiu entregar um censo correto e satisfatório. Em nossa área, o resultado foi, metodologicamente falando, acima do esperado. Conseguimos entrevistar entre 97% e 98% de todos os domicílios ocupados", finaliza.


Impactos financeiros
Uma das principais preocupações da região com a redução populacional, que já vinha sendo estimada, era a diminuição dos valores repassados através do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Conforme explica o professor e doutor em Economia da UFPel, Marcelo Passos, o fundo de distribuição de recursos aos municípios, que provém do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto de Renda (IR), tem seu coeficiente calculado de acordo com o número de habitantes. "Você tem faixas de população e cada faixa tem um coeficiente individual. Pode variar de um mínimo de 0,6, em municípios com até 10.188 habitantes, até 4,0 para municípios com mais de 156 mil habitantes", exemplifica.

Portanto, apesar da redução na maioria dos municípios da região, apenas Canguçu deve sentir o impacto financeiro. Com 49,6 mil habitantes, o coeficiente passa de 2,2 para 2,0. Na prática, o prefeito Vinicius Pegoraro (MDB) estima que sejam cerca de R$ 5 milhões a menos no orçamento. "É preocupante. Isso também vai impactar o cálculo do ICMS, porque um dos indicadores é a população. Tem uma série de outros reflexos em repasse de recursos", observa. Pegoraro não descarta uma contestação dos dados do IBGE. "Vamos reiterar a solicitação formal dos dados do Censo, tentar acessar dados mais detalhados para cruzar informações e avaliar a possibilidade de recorrer", comenta.


Quem cresceu

- Em toda a Zona Sul, apenas Candiota, Chuí e Capão do Leão tiveram aumento populacional nos últimos 12 anos. No topo da lista está Capão do Leão, com incremento de 2,1 mil habitantes.

- No Rio Grande do Sul, a taxa de crescimento anual foi de 0,14%, registrando 186,5 mil habitantes a mais. A campeã no Estado foi a cidade de Caxias do Sul, na Serra, com 27,7 mil novos habitantes nos últimos 12 anos.

- A nível nacional, o crescimento populacional em relação ao Censo 2010 foi de 6,5%, alcançando o número 203,1 milhões. Os três estados brasileiros mais populosos são São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, lista em que o Rio Grande do Sul ocupa o sexto lugar.


Quem diminuiu

- Ao todo, a Zona Sul teve redução populacional em 20 de seus 23 municípios. A maior redução foi registrada em Rio Grande, que tem 5,3 mil habitantes a menos, seguido por Pelotas e Piratini que têm, respectivamente, menos 2,5 e 2,3 mil habitantes.

- Apesar do crescimento de habitantes no território gaúcho, Porto Alegre é a capital que possui a menor média de moradores por domicílio, com 2,37 pessoas por residência. Nos últimos 12 anos, são 76,7 mil habitantes a menos.

- O Brasil, mesmo com o crescimento populacional, registrou taxa de crescimento anual de 0,52%, menor número desde o primeiro Censo, realizado em 1872. Rio de Janeiro, Alagoas, Bahia e Rondônia foram os estados que menos cresceram.

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