Fruticultura

Safra do pêssego se encaminha para o final

Com produção pelo menos 40% menor, foram necessárias resiliência no campo e criatividade na indústria para driblar os altos custos de produção

Foto: Jô Folha - DP - Safra será pelo menos 40% menor que a do ano passado, principalmente pelos efeitos climáticos

Daqui pelo menos 16 dias, a safra de pêssego 2023 estará encerrada. Impactada por diferentes fatores - granizo, geada tardia e principalmente chuva excessiva - a perspectiva é de uma safra pelo menos 40% menor, que sofreu ainda, com as doenças decorrentes dos efeitos climáticos, a principal delas, a podridão parda. Uma safra considerada atípica para quem vive o dia a dia da cadeia produtiva da fruta, que exigiu a máxima resiliência do produtor para driblar os eventos climáticos e criatividade da indústria em enlatar o maior número possível de frutas a fim de atender o mercado interno. 

De acordo com o extensionista da Emater Pelotas, o engenheiro agrônomo Rodrigo Prestes, de 70% a 80% da safra está colhida e, neste momento, está em colheita a cultivar Maciel, uma das mais representativas no município de Pelotas. “Lá pelo dia 10 de janeiro a safra deve estar encerrada para a indústria e então poderemos quantificar a fruta colhida”, estima. Segundo ele, com todos os problemas que afetaram os pomares, ainda assim, os produtores estão conseguindo produzir com qualidade, ressalta. 

O produtor e presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Pêssego (AGPP), Mauro Scheunemann, confirma que a safra está menor, mas não para a maioria. “A safra está razoável para alguns produtores e fraca para outros, principalmente aqueles que foram mais castigados pelo granizo e geada”, ressalta. Estes, além das perdas de frutas, tiveram altos custos de produção, devido aos tratamentos fitossanitários exigidos nos pomares. “A incidência de podridão é grande e bem no início, ocorreram muitos ataques de pássaros, que acentuaram ainda mais as perdas”, ressalta.

Indústria busca outras frutas para enlatar

O presidente do Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas (Sindocopel), Paulo Crochemore, relata que o sentimento é de descontentamento dos dois lados. “A indústria se prepara o ano inteiro, com investimentos no parque industrial, nas linhas de produção, colocação de máquinas novas, compra de latas e açúcar, na expectativa de uma safra boa, como era esperado lá no mês de agosto”, diz o industrial. Segundo ele, numa safra normal se espera um volume de produção entre 40 e 45 milhões de latas. 

A projeção atual é bem menor e está entre 28 a 30 milhões de latas. Além disso, os custos dispararam. “A cada remessa recebida da fruta, uma surpresa, com frutas que requerem muitos retoques o que exige muita mão-de-obra, já que este é um trabalho exclusivamente manual”, diz. Em vez do pêssego extra especial, muito procurado pelo consumidor, a fábrica deve oferecer outras opções como o fatiado e o retocado, diz. 

Além disso, para destinação das latas adquiridas para o pêssego e não utilizadas podem ser aproveitadas para a fabricação de compotas de outras frutas, como o figo e o abacaxi, diz. Aumentar o preço da compota ao consumidor não é uma opção. “Quando se valoriza muito a fruta aqui, acaba atraindo frutos enlatados do mercado externo, o que se torna perigoso”, diz. Segundo o industrial, manter os preços competitivos é um trabalho de muitos anos feito pela indústria o que afasta este tipo de pressão com os importados, que volta a ocorrer quando a safra é pequena, atraindo os importados para dentro do país, dificil de controlar posteriormente. 

Além disso, depois de consolidar a exportação para a América Latina em torno de 15% do produto, com a produtividade baixa, o produto deve ser totalmente absorvido pelo mercado interno. “Um mercado muito bom, em expansão, que terá que ser adiado”, ressalta. Para abastecer este mercado, a indústria terá que esperar pela próxima safra, que Crochemore espera que seja bem melhor. “Foi um ano de aprendizado, pois tivemos bastante sorte pelo tempo em que não sofríamos tanto com o clima”, finaliza.

Mercado in natura 

O produtor que apostou no mercado in natura, a fruta de mesa, tem uma oportunidade no período próximo das festas para comercializar suas frutas, que ficaram mais doces, com a volta do calor no mês de dezembro, diz Scheunemann. “No mês de novembro e início de dezembro por causa do clima muito chuvoso, as frutas estavam sem sabor e agora estão mais atrativas ao consumidor”, afirma. 

Por conta disso, a Feira Municipal do Pêssego, iniciada em 1º de dezembro e marcada para encerrar no dia 15, foi prorrogada até o dia 31. Com isso, o produtor terá a oportunidade de incrementar suas vendas e o consumidor, de adquirir frutas mais saborosas e de melhor qualidade. A comercialização direta ocorre nas bancas do centro e bairros, integradas à Feira Municipal do Morango. Até o dia 16, já haviam sido comercializadas mais de quatro toneladas da fruta.

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