Entrevista

Evandro Matté diz que Festival é um sonho que evolui a cada ano

Maestro é diretor artístico do evento internacional que o Sesc-RS realiza em Pelotas

Foto: Paulo Rossi - Especial - DP - Maestro contou ao DP as expectativas, desafios e novidades do 12ª Festival Internacional de Música, que começa nesta segunda-feira (15)

O maestro Evandro Matté, estará em Pelotas pelos próximos doze dias à frente de um dos maiores festivais de música de concerto da América Latina, como diretor artístico do Festival Internacional Sesc de Música realizado em Pelotas de hoje até o dia 26 deste mês. Junto com o evento desde a primeira edição, o regente diz que é uma felicidade poder levar espetáculos de altíssimo nível a tantas pessoas e, ao mesmo tempo, proporcionar ensino de qualidade aos músicos que vêm a Pelotas em busca de qualificação.

Para quem acompanha o Festival, Matté é figura querida da plateia que costuma lotar o largo Edmar Fetter durante o concerto da Orquestra Acadêmica, tradicionalmente a última ação do Festival. Mas poucos sabem que o maestro foi trompetista da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), entidade a qual ele se tornou diretor artístico e maestro há nove anos.

Matté também é diretor artístico e maestro da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro (OCTSP), além do próprio Festival. Também é regente dos Concertos Comunitários Zaffari e ao longo do último ano regeu uma dezena de orquestras fora do país. O músico possui especialização pelo Conservatório de Bordeaux (FRA) e pela Universidade da Geórgia (EUA), e MBA em Gestão Empresarial com ênfase em Cultura.

Com mais de 30 anos de carreira, a interação com a música teve início aos sete anos, quando começou a tocar trompete na banda marcial da escola em que estudava, em Caxias do Sul. Aos 17 anos teve a oportunidade de prestar uma prova na Escola de Música da Ospa, dando início ao estudo com o objetivo de se profissionalizar. Posteriormente, tornou-se aluno do Bacharelado em Música da UFRGS.

Ao Diário Popular Evandro Matté falou um pouco sobre como é realizar esse consolidado Festival e quais os desafios de manter o evento em alto nível. Ainda afirmou que a música de concerto no país é popular e o que ela precisa chegar até as crianças, através das educação formal.

Maestro, o que significa para o senhor ver o Festival Internacional Sesc de Música chegar a 12ª edição? Como é realizar um festival tão grande que envolve tantas pessoas?
Em um país onde realmente ter investimento em cultura é algo bastante difícil, ter oportunidade de fazer pela 12ª vez um evento desse porte, um dos maiores festivais da América Latina, é um sonho que vem crescendo a cada ano e vem evoluindo. Fico muito feliz de poder levar espetáculos de altíssima qualidade, não só a sociedade de modo geral, mas também de proporcionar para os alunos que vêm ao Festival todo esse aprendizado, que eles carregam quando voltam para suas cidades.

A cada ano os desafios se renovam ou a execução deste projeto hoje é muito mais fácil? Quais são os pontos mais delicados do processo?
O que tem de mais delicado no processo é conseguirmos manter todos os anos o nível de eficiência e a entrega que fazemos. Nosso país tem uma economia sempre volátil, passamos por pandemia, que afetou muitas coisas nesse período. Então o desafio é esse: sempre mantermos a qualificação e a entrega.

O Festival na Comunidade tem alguma novidade? Algum lugar, que ainda não foi visitado ou que já foi e vai retornar a ser palco do programa?
O Festival na Comunidade sempre tem mudanças. O formato é o mesmo, mas sempre temos grupos variados e a cada ano tem algum lugar um pouquinho diferente. Neste ano, a novidade é o Palco Móvel do Sesc que irá levar apresentações para o Largo de Portugal, Colônia Z3, Bairro Navegantes, Balneário dos Prazeres e Parque da Baronesa.

O senhor recebe retorno de quem participa pela primeira vez de uma edição do Festival, tanto professores quanto alunos?
O Sesc sempre faz um processo de avaliação ao final do festival com os alunos e os professores. Todos os anos a média é muito alta e é impressionante como a maioria que vem pela primeira vez sai dizendo que quer voltar.

Apesar de ser um evento com foco na música de concerto, o festival sempre abre espaço para a música popular. Como o senhor vê essa mistura? Diversificar a programação é importante e o por quê?
Eu sempre considero que música é música, seja qual o estilo. Temos uma música muito rica no Brasil. E, por exemplo, na abertura, uma orquestra dará uma roupagem diferente para a bossa nova. Isso é sensacional, porque estamos colocando a cultura brasileira e a riqueza da música brasileira em um formato de orquestra, que é historicamente um padrão europeu de séculos. Diversificar a programação é fundamental porque atendemos todos os públicos e mostramos que essas misturas funcionam muito bem.

Quais são os entraves que impedem que a música de concerto seja mais popular no país? Seria interessante que ela fosse estimulada nas escolas, só isso bastaria?
A música de concerto é bastante popular no Brasil. Se formos ver, as salas de concerto no Brasil inteiro estão sempre cheias. A cada ano, por exemplo, a Ospa tem mais público. O que precisaria na verdade para que ela se tornasse mais ampla, no ponto de vista do conhecimento de toda a sociedade, é que tivéssemos uma política nas escolas para que as crianças tivessem maior acesso, não só sobre a história da música, como contato com a música de concerto, mas também aprenderem instrumentos. A Alemanha é um país que investe muito nas crianças e, por isso, lá a música de concerto tem uma importância enorme. Uma pesquisa em 2019 lá indicou que ingressos para concertos e óperas bateram o número de ingressos vendidos para futebol.

O senhor tem estado à frente da abertura, com o cortejo, e do encerramento. Dois momentos já esperados por quem aprecia o Festival. Para a organização, esses momentos também são esperados e ainda geram grande expectativa?
Tudo no Festival gera expectativa, mas claro, o cortejo é o início de tudo e isso é muito legal, por estar todo mundo junto e pela felicidade de ir caminhando pelas ruas da cidade. Apesar de ser a 12ª edição e já estarmos mais habituados, sempre há uma ansiedade pelo reencontro e para ver as coisas funcionando.

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