Alerta!
“Desafio da rasteira” pode levar à morte
O jogo de três pessoas consiste em derrubar o participante do meio com uma rasteira
Reprodução -
Uma brincadeira que de engraçada, não tem nada. Viralizou o “desafio da rasteira”, espécie de jogo entre três pessoas em que, uma delas, pode ter lesões graves. Pelas redes sociais, são muitos os vídeos em que adolescentes dão rasteiras em outros colegas, principalmente nos corredores das escolas. A facilidade de encontrar o desafio somada à época de volta às aulas chama atenção para o problema. A neuropediatra e professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Juliana Maia, alerta: “As pessoas que não vão a óbito podem ficar com sequelas neurológicas para o resto da vida”.
O caso chamou a atenção da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), que emitiu nota sinalizando a necessidade de reforçar a atenção ao desafio, também conhecido como “quebra-crânio”. A brincadeira é entre três pessoas e a vítima é sempre a do meio - que na maioria dos casos, não é avisada sobre o desafio. Quando pula, as pessoas ao lado a derrubam no ar, com uma rasteira. A queda brusca no chão, de costas, faz com que bata com a cabeça e a coluna. A SBN afirma que, ao cair, a pessoa pode ter lesões irreversíveis no crânio e encéfalo.
A neuropediatra explica que podem ocorrer sequelas neurológicas irreversíveis, como distúrbios de comportamento. Entre eles, a vítima pode apresentar sinais de agressividade, agitação e irritabilidade. O desempenho cognitivo pode ser afetado de forma grave. “A pessoa pode acabar perdendo habilidades que já tinha, apresentar falhas na memória e desaprender temas que havia aprendido”, explica Juliana.
Os danos na coluna vertebral também podem ocorrer, como deslocamento de vertebras, dificuldade de caminhar e distúrbio de alguns movimentos. Além disso, a queda pode provocar fraturas em ossos, como nos braços, e torções nas pernas.
A professora acredita que, com o retorno das aulas, uma ação deve ser tomada pelos educandários. “Tem que ser feita uma ação em massa”, ressalta. Na última semana, milhares de alunos da rede particular de Pelotas iniciaram o ano letivo. E ao longo dos próximos dias e da primeira quinzena de março, mais estudantes, de todos os níveis da rede pública, também retornam.
A SBN alerta os responsáveis que precisam orientar as crianças e os adolescentes a não entrarem na brincadeira, tampouco que copiem práticas e desafios perigosos de vídeos da internet. Em nota, a Sociedade ressalta: “Deste modo, como sociedade, pais, filhos e amigos, devemos agir para interromper o movimento e prevenir a ocorrência de novas vítimas”.
Como começou
Não se sabe ao certo quem começou a popularizar a brincadeira, mas diversos vídeos circulam pelas redes sociais. Um dos mais conhecidos, que virou até corrente de mensagem do WhatsApp, se passa em um colégio no município de Chacao, na Venezuela. Aqui no Brasil, o desafio viralizou ainda mais quando o youtuber Robson Calabianqui, conhecido por Fuinha, com mais de dois milhões de assinantes no canal da plataforma de vídeos, publicou a brincadeira. No vídeo, ele e o irmão derrubam a própria mãe.
Dias depois do ocorrido, com o aumento dos vídeos de jovens e, assim, a preocupação dos pais, o youtuber publicou no Instagram, Twitter e YouTube um vídeo pedindo desculpas e alertando para os perigos da brincadeira. Apesar de ter sido apagado por Calabianqui, o vídeo segue nas redes sociais.
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