Estragos

Hora de começar a reconstrução no Laranjal

Sexta-feira foi de limpeza nas casas e mutirão nos balneários Valverde e Santo Antônio

Foto: Volmer Perez - DP - Moradores estão retirando de suas casas itens atingidos pelas águas

O cenário nas ruas do Laranjal é de devastação. Após a água ter baixado, moradores começam a voltar às suas casas e empreendedores retornam aos estabelecimentos para avaliar os estragos e iniciar a limpeza de tudo que foi estragado e sujo pela enchente. O trabalho de limpeza deve se arrastar ao longo da próxima semana, enquanto equipes recolhem toneladas de entulho em que estão a história de famílias e o trabalho de vidas inteiras.

O cheiro forte da sujeira que mistura esgoto e sedimentos é constante em todo o bairro. Enquanto muitas residências continuam vazias, o que se vê nas casas onde já há moradores trabalhando na limpeza e avaliando os prejuízos é um misto de melancolia, resignação e esperança.

Odete Carvalho, de 77 anos, tem a casa na avenida Rio Grande do Sul há mais de 50 anos. Ela se abrigou na casa de uma filha, mas ainda tentou preservar alguns bens. “Cheguei com água pela cintura tentando salvar alguma coisa”, diz, embora mesmo os objetos que foram elevados tenham acabado sendo afetados pela umidade. “O coração não aguenta, tem horas que a gente olha e não sabe por onde vai começar”, lamenta.

A sexta-feira foi de limpeza para moradores do Laranjal atingidos pelas cheias. Foto: Volmer Perez - DP


A filha de Odete, Débora, ajudava a mãe a limpar a casa na tarde desta sexta-feira. “Nunca imaginamos que ia chegar nessa possibilidade de destruir tudo do jeito que foi, um local que a gente tem com tanto carinho, de se reunir todos os finais de semana”, diz, em meio à lama que continuava na casa.

Nas casas, a marca de lama demonstra a altura que a água alcançou. Foto: Volmer Perez - DP


Na rua Lajeado, Álvaro Silveira já estava no segundo dia de limpeza, mas mantinha o bom humor diante da situação. “Foi o que Deus quis, o que vamos fazer? Não dá nada, coisa assim é levantar e bola pra frente”, diz ele, que ficou um mês fora de casa. “Eu achei que a água não ia passar, porque a outra [cheia] não passou”, relata.

Também é o momento de os empreendedores começarem a fazer o levantamento dos prejuízos. Michel Britto, proprietário de um provedor de internet que atende todo o Laranjal, começa a passar na casa dos clientes para coletar os equipamentos estragados na tentativa de recuperar. “Para nós, foi um desafio enorme, porque a gente ficou quase 30 dias com água, e três semanas nós ficamos sem luz no datacenter que fica no Laranjal com água dentro. Eu fiquei lá para cuidar para a água não subir”, diz.

Ele estima que cerca de 400 clientes tenham sido afetados. Segundo ele, mais de 50 clientes já cancelaram o contrato porque vão deixar o bairro. “Esse número só está aumentando”, afirma Britto, cobrando que o poder público tome medidas para reforçar a estrutura de contenção de cheias.

Segundo a Prefeitura, mais de 120 profissionais do Município e da empresa Sersul trabalham na limpeza e no recolhimento de entulhos nos balneários Santo Antônio e Valverde. Um local próximo ao Ecoponto do Laranjal foi preparado para receber os entulhos de madeira, móveis e eletrônicos, de onde serão encaminhados para a destinação final.

Recolhimento dos móveis destruídos pela água. Foto: Volmer Perez - DP

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