O 2024 chega cheio de esperanças para o aposentado Jorge Alberto Gayer Nogueira, 58. Depois de esperar 14 anos pela cirurgia bilateral no quadril - situação que gerou duas matérias no Diário Popular - hoje ele consegue ficar por alguns minutos sem as muletas, com os dois pés no chão e a coluna ereta. A segunda cirurgia, que era para ser feita seis meses após o procedimento do lado direito, ou seja, em abril de 2022, só foi realizada no último dia 28 de dezembro de 2023. Portanto, na virada do ano, quando a maioria das pessoas pede saúde, dinheiro, amor e felicidade, Nogueira clamou a Deus forças para reaprender a caminhar. Com a esperança renovada, o ex-militar e ex-executivo de vendas sonha apenas em poder guardar os mantimentos na geladeira, no pequeno estabelecimento que mantém no Fragata, alcançar um copo para um cliente e limpar a mesa do bar. Movimentos simples que para ele ainda são impossíveis de realizar.  

"Assim vou poder ajudar minha mulher que cuida dos negócios, de mim, e se não fosse ela e minha família eu já teria entrado em depressão", revelou ele ao falar sobre Claudete da Cunha Nogueira, 55. No dia em que o paciente se internou na Santa Casa, dia 27 de dezembro, o casal completou 34 anos de união, motivo muito celebrado por Claudete. "Foi um grande presente", disse ela. A cirurgia levou um pouco mais de duas horas, mas a recuperação foi mais demorada. "O médico até lembrou de mim e disse: 'vamos terminar o serviço'". A principal preocupação de Nogueira era de que com a espera de dois anos para fazer o lado esquerdo do quadril, a prótese direita poderia estar comprometida, fato que não se confirmou e foi um grande alívio para a família que agora tem uma outra batalha pela frente.

"Eu não vou voltar a ser o que era antes, quando fui sargento temporário do Exército, pois ao longo dos 14 anos de espera surgiram complicações no coração, no sistema vascular, meu joelho se deslocou. Mas eu ganharei qualidade de vida", disse, esperançoso. A busca agora é por sessões de fisioterapia, o que o Sistema Único de Saúde (SUS) não oferece. O custo não cabe no orçamento da família e, portanto, será mais uma luta. "Por falar em sistema público, tive muita dor no meu joelho e fui à Santa Casa pedir um Raio-X para ver se não tinha ligação com o pós-operatório. Para minha surpresa, ouvi que como o problema não tinha nada a ver com a cirurgia, não poderia ser feito. Conclusão, o descaso com a saúde continua." Por sorte, na UPA Areal, embora tenha esperado algum tempo em uma cadeira de rodas, o que causa muitas dores ainda, Nogueira foi atendido, passou pelo exame e foi medicado.

Como ainda não pode subir escada, o elevador improvisado ao lado do sobrado continua em pleno funcionamento e a manutenção é feita por amigos, os mesmos que vão tentar fazer contatos para conseguir um profissional da fisioterapia para ajudar o paciente. Quem quiser ajudar, o contato é o (53) 98119-3924 ou 98121-8100 (WhatsApp).

Relembre o caso

Com desgastes no quadril, Nogueira começou a batalha por uma cirurgia em 2010. O tempo passou, e depois de esperar 12 anos pelo SUS, e com complicações aparecendo, a Prefeitura autorizou a cirurgia bilateral, a qual foi realizada, em parte, em 2021. Para conclusão do procedimento, o paciente precisaria esperar seis meses para recuperação. O tempo de espera se transformou em dois anos e Nogueira, angustiado, pensou que seriam mais longos 12 anos na fila, pois seu número de espera era o 333º e na Secretaria Municipal de Saúde a cirurgia bilateral constava como realizada. Em contato com a pasta, na ocasião, foi informado que o pagamento é feito só pelo procedimento realizado, mas que a Santa Casa avisou que o paciente seria chamado para realizar uma nova consulta, o que ocorreu no dia 8 de dezembro. Vinte dias depois, Nogueira estava sendo operado.

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