Fora de casa

Casal adapta embarcação para uma vida flutuante na Z-3

Gilnei Oliveira e Dilvara Miranda não quiseram se distanciar de casa em meio à enchente

Foto: Volmer Perez - DP - Gilnei acredita que situação vai se manter por algumas semanas ainda

O ano de 2024 só trouxe “desgraça”, opina o pescador Gilnei Oliveira. As chuvas do verão afastaram o camarão da Lagoa dos Patos e as de abril e maio levaram a inundação à Colônia Z-3.

Ao lado da mulher, Dilvara Miranda, Gilnei mora há aproximadamente 20 dias dentro do próprio barco, adaptado para virar a casa temporária do casal, cuja residência foi destruída pela força das águas e dos ventos.

“A água estava quase pelo peito [na residência]. A gente tirou o que pôde de dentro de casa, alguma roupa de cama e de vestir”, lamenta Gilnei.

O casal improvisou uma cozinha na ponte de comando, com fogareiro e uma caixa térmica, que é abastecida com doações de gelo dos vizinhos e alimentos da Assistência Social.

O quarto é em outro compartimento na popa, e tábuas garantem a circulação do casal entre as partes habitáveis, afastando-os da água que encharca o piso.

“Está tudo bem conosco, só precisamos de roupa de cama, porque com as chuvas da semana, as nossas acabaram molhando”, relata Dilvara.

A filha deles optou por deixar a Colônia dos Pescadores enquanto a situação é caótica. Foi viver temporariamente com parentes na zona urbana de Pelotas. “Lá já tem uma família que é grande, então não dá para encher muito a casa da parente”, justifica Gilnei por terem permanecido na Z-3.

“A gente também não quer sair de perto de casa. Queremos ficar para cuidar das coisas, o pouco que sobrou”, completa o pescador.

A rotina do casal apresenta poucas variações. Dilvara costuma sair para visitar a filha na casa de parentes, enquanto Gilnei se limita a cuidar da embarcação. “É ruim com esses ventos, os barcos se soltam”, explica o pescador.

Essa foi a primeira vez que eles tiveram que deixar a casa em que vivem - na pior enchente antes dessa, a água invadia alguns poucos centímetros. "O que é ruim fica na lembrança. Está sendo terrível. A gente não teve safra boa, de nada, e agora essa enchente. Estamos sem recurso nenhum, zerado", completa Gilnei. A mulher é empregada doméstica, mas com os alagamentos, também ficou sem serviço.

Na Z-3, foram poucas as famílias que optaram por ir morar nos barcos. Ao longo do dia, no entanto, muitos pescadores vão às áreas alagadas, no canal da Divinéia, para monitorar a situação.

Gilnei projeta ter que passar mais algumas semanas, ou até meses, vivendo no próprio barco. “Estamos indo, bem preparados não, porque as condições de vida são precárias, sem banheiro e sem nada. Mas é o que tem, pelo menos a gente está em cima d’água.”

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Prefeitura inicia vacinação dos cães da Associação Rural Anterior

Prefeitura inicia vacinação dos cães da Associação Rural

Cadastro para Auxílio Reconstrução tem quase seis mil inscrições Próximo

Cadastro para Auxílio Reconstrução tem quase seis mil inscrições

Deixe seu comentário