Problemas

Cresce o número de reclamações sobre a infraestrutura de Pelotas

2023 iniciou com aumento em pedidos de providências da Câmara de Vereadores em temas como iluminação e limpeza urbana

Fotos: Carlos Queiroz - DP - Diversas ruas estão na completa escuridão por problemas nos postes de iluminação

Há momentos em que andar pelas ruas de Pelotas pode ser desafiador. Problemas – que já fazem parte da rotina – se acumulam: postes apagados, ruas esburacadas (pavimentadas ou não), entulhos, vegetação invadindo avenidas e calçadas… Se, por um lado, esses problemas não são novidade, a incidência parece ser cada vez maior. Pelo menos é o que se observa na Câmara de Vereadores, através dos pedidos de providências feitos pelos parlamentares. Esses pedidos são um meio de os vereadores solicitarem à Prefeitura a realização de algum serviço.

No ano passado, entre janeiro e março, foram feitos 1.765 pedidos de providências dos mais diversos serviços. Já em 2023, até agora, já são quase 2.600 pedidos, um aumento de mais de 46,5% em relação a 2022. O volume de pedidos chega a gerar situações curiosas, como um único vereador fazendo mais de cem solicitações em uma única sessão.

Apesar de elevado, o número de solicitações feitas no Legislativo não chega a contemplar as reclamações de moradores que convivem com esses problemas, e a formalização não significa que haverá uma resolução, até porque o pedido de um vereador não se torna uma obrigação para a Prefeitura executar. Segundo o secretário de Governo, Fábio Machado, os pedidos enviados pela Câmara são registrados em um sistema e encaminhados para as secretarias responsáveis, que darão encaminhamento à solicitação de acordo com um cronograma de trabalho. Na mesma linha, o secretário de Serviços Urbanos, Fábio Suanes, explica que os pedidos são incorporados a um cronograma e atendidos por áreas da cidade.

O vereador César Brisolara, o Cesinha (PSB), considera que o aumento dos pedidos de providência reflete a necessidade da população e que, como presidente da Câmara, tem levado a Ouvidoria do Legislativo ao Calçadão para receber as reclamações da população. “Esses dados tendem a aumentar. Alguma coisa não está boa. São coisas básicas: roçado, limpeza, lâmpada. Isso é o básico do básico, mas para o morador, é prioridade”, diz.

Restos de obras, galhos e até colchões descartados por moradores se acumulam em alguns pontos


No centro e nos bairros
Não é preciso ir longe para encontrar problemas – nem sair da região central. O tipo de reclamação mais comum diz respeito a um contrassenso: ao mesmo tempo em que a taxa de iluminação pública (Cosip) é cobrada mensalmente desde maio do ano passado, há pontos da cidade na escuridão há meses.

Um deles, na rua José Pinto Martins, entre Osório e Deodoro, está sem luz há ao menos cinco meses, segundo o relato de moradores e comerciantes da região – cercada de bares e restaurantes. São três postes completamente apagados, e, se não fosse a luz de algum comércio ou dos prédios daquela quadra, a situação seria de breu. A escuridão favorece a ação de criminosos que, de acordo com pessoas ouvidas pela reportagem, costumam roubar os faróis de carros estacionados no local.

No Guabiroba, a situação é parecida na travessa Dezessete, entre as ruas Gabino Gerardo e Arnaldo Ferreira. No local, apenas um dos postes está funcionando, e quem deseja passar pela travessa até a Arnaldo Ferreira poderá contar apenas com as luzes das casas dos moradores. Rafaela Farias mora ali e explica que a situação é essa há cerca de cinco meses. “Se não é o meu vizinho deixar a luz acesa, a gente fica completamente na escuridão”, relata.

Na mesma quadra, a travessa Dois até a rua Feyez Habeyche enfrenta, além da falta de luz, um problema que é um incômodo maior para os moradores: o esgoto. Segundo pessoas que moram no local há 30 anos, a situação sempre foi essa, com as caixas de gordura de prédios do entorno vazando no que, em tese, seria uma praça. O cheiro desagradável se intensifica no verão, e quando chove, a água atinge as casas ao redor.

O esgoto, porém, não é exclusividade do local. No Jardim Europa, na rua Henrique Loréa, próximo à avenida São Francisco de Paula, uma valeta separa as duas vias do trecho não pavimentado. Uma comerciante que vive no local há 30 anos diz que, quando chove, a água suja sobe rapidamente até as portas das residências. “Dia que chove é a coisa mais horrível, o lado de cá vira uma piscina”, relata. “Todas as casas botam água pra dentro”. Ela pondera que a culpa não é só da prefeitura, e que muitos moradores não colaboram jogando lixo no local.

Em dias de muita chuva, água invade casas de moradores


Luz à vista
Sobre os problemas com iluminação pública, o secretário de Serviços Urbanos e Infraestrutura (SSUI) Fábio Suanes explica que a demanda se mantém estável com relação aos anos anteriores, com cerca de três mil pontos de luz recebendo manutenção mensalmente, de um total de 32 mil espalhados pela cidade. Ele avalia que as reclamações por parte da população aumentaram devido à cobrança da Cosip. “Quando ela recebe a cobrança na conta de luz, ela se acha no direito, e está certa, de ter aquele serviço executado. Não houve um aumento em si das demandas, houve um aumento da reclamação”, diz.

Segundo o secretário, de dezembro para cá foram implantados mais de 2.600 pontos de iluminação em led com recursos da Cosip e de emendas impositivas, e a expectativa é de que o financiamento de R$ 30 milhões aprovado pela Câmara de Vereadores no final de 2022 permita a cobertura de 100% da cidade com iluminação de led em até um ano. Suanes explica que as lâmpadas de vapor de sódio, que serão substituídas, costumam ter mais defeitos, e que, com a implementação dos leds, a demanda de manutenção de três mil pontos ao mês terá uma redução drástica. De acordo com o secretário, sem o financiamento demoraria cinco anos para fazer a cobertura completa com led.

Problema é cultural
Já problemas como entulhos, valetas e lixo em locais públicos, Fábio Suanes justifica que a secretaria trabalha constantemente para atender a demanda, mas que há problemas cíclicos que não possuem uma solução permanente, como a vegetação no período de verão e os buracos e valetas nos períodos de chuva.

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