No vermelho

Crise no Hospital de Canguçu provoca assembleia geral de sócios

Encontro está marcado para esta quinta-feira; trabalhadores com pagamentos em atraso também se mobilizam

Paulo Rossi -

A semana tende a ser de definições no Hospital de Caridade de Canguçu, que segue com vastas dificuldades financeiras. O clima é de exaustão entre os mais de 180 funcionários, que não ainda receberam os salários de fevereiro. O pagamento do 13º salário de 2016 e de 2017, assim como as férias, também integram a lista de pendências. Uma assembleia geral com os sócios está marcada para esta quinta-feira (5), às 18h, quando entram em debate possíveis soluções para garantir a manutenção dos atendimentos.

Entre os trabalhadores, o momento também é de mobilização. Um protesto deve ser realizado nos próximos dias, como pressão para terem os direitos respeitados. "Estamos cansados, esgotados, exauridos", resume a técnica em Enfermagem, Luciara Luna Lira. Quatro funcionários já estariam, inclusive, afastados por problemas de saúde ocasionados em função do estresse.

E quando entram em pauta as negociações com a direção do hospital, Luciara vai além. "Defendemos a dissolução dessa diretoria. Queremos uma nova administração, com transparência e membros da comunidade e dos funcionários", reforça.

"Impossível colocar os salários de fevereiro em dia"
O gestor administrativo, Mário Luiz Fonseca, conversa com o Diário Popular e não faz rodeios. Sem os repasses de incentivo em dia, não há como pagar os salários. O montante em aberto somados os atrasados de janeiro e de fevereiro - a maioria por parte do Estado, mas também da União - chega a aproximadamente R$ 400 mil. Seria o suficiente para quitar a folha de fevereiro, de cerca de R$ 320 mil, e a terceira de seis parcelas do 13º salário de 2016. Sem o dinheiro em caixa, entretanto, não há previsão.

A expectativa de obter linha de crédito de R$ 4,7 milhões, para poder zerar ao menos parte das dívidas, acabou frustrada. "Estamos com dívidas vencidas no Banco Central, o que é um impeditivo para obtermos empréstimo com qualquer instituição financeira", lamenta Fonseca, depois de ver descartada a possibilidade de liberação de verba junto à Caixa Econômica Federal.

A posição da prefeitura
O chefe do Executivo, Marcus Vinícius Pegoraro (PMDB), assegura que a situação financeira da prefeitura não permite ampliar os repasses já efetuados, no valor de R$ 238 mil por mês para cobrir atendimentos do Pronto-Socorro e em três áreas: pediatria, obstetrícia e anestesia. Sem falar na cedência de dois médicos, também pagos pelos cofres do Município.

"O hospital tem uma instituição mantenedora e CNPJ próprio. O que nós podemos é realizar parcerias, como já fazemos", enfatiza o prefeito. Pegoraro aproveitou, portanto, para destacar a mediação política pela renovação do contrato do Hospital de Caridade com o Estado, vencido desde 24 de janeiro.

Tratativas para que os recursos de uma emenda parlamentar de cerca de R$ 400 mil, já depositados pelo Ministério da Saúde, sejam efetivamente liberados pelo Governo do Estado, também compõem as prioridades da prefeitura para evitar que novos serviços sejam suspensos.

Saiba mais 
- O Hospital de Caridade de Canguçu é referência a cidades como Santana da Boa Vista, Morro Redondo, Cerrito, Arroio do Padre e interior de São Lourenço do Sul e responde por uma média de 50 a 60 internações por mês; cerca de 90% delas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

- O endividamento total, acumulado ao longo dos anos, chega a aproximadamente R$ 25 milhões.

- Só para os médicos, entre honorários e Autorizações de Internação Hospitalar (AIHs), a pendência é de cerca de 3,5 milhões.

- Desde 1º de agosto de 2016, o hospital fechou os dez leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) geral devido à escassez de recursos, principalmente, para pagamento da equipe.

- Nenhuma cirurgia tem sido realizada, sejam eletivas ou de urgência.

- Com vários serviços de alta complexidade suspensos, os valores dos próprios repasses despencaram, já que a instituição recebe com base na produção realizada.

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