Saúde
Depressão em idosos pelotenses supera média nacional
Estudo da UCPel revela que mais de 30,5% sofrem com a doença; maioria dos afetados é de mulheres
Divulgação -
Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento da Universidade Católica de Pelotas (PPGSC/UCPel) constatou que 30,5% dos idosos pelotenses estão depressivos. As mulheres apresentam maior índice da doença (35,9%) quando comparadas aos homens (22,9%). Quanto às características socioeconômicas, as classes econômicas D e E (30,8%), e aqueles que moravam sozinhos (40,3%), são os mais propensos a desenvolver o transtorno.
Realizado pela psicóloga Regiane Heidemann, o estudo avaliou 312 pessoas com mais de 60 anos de diversos locais de Pelotas e chama a atenção para o alto índice de depressão desta faixa etária. Isso porque fica bem acima da média nacional, que varia entre 10% e 20%, explica a pesquisadora. "Falta de atividade física, uso de medicamento para dormir e dificuldades no consumo alimentar são fatores associados", afirma.
A depressão não faz parte do curso natural do envelhecimento. Porém, ela surge acompanhada, na maioria das vezes, por uma percepção negativa do idoso frente ao próprio processo de envelhecimento. De acordo com a pesquisadora, boa parte da população idosa costuma associar o envelhecimento a incapacidade, doença e morte; ao passo que poderia vivenciá-la como uma fase de maturidade, sabedoria e liberdade.
Essa visão generalizada, ligada a mudanças no estilo de vida, como perda da identidade profissional, problemas socioeconômicos e solidão, pode corroborar para a depressão. Dificuldades financeiras também se tornam barreiras por impor diversas limitações, como manter uma alimentação adequada e a adesão e manutenção de tratamentos medicamentosos.
A ausência de atividade física, confirmada por 64,3% dos participantes, foi outro fator determinante para o desenvolvimento da depressão. "Dos 64,3% idosos que não praticavam nenhuma atividade física, 36,5% apresentaram depressão", pontuou. A prática de atividade física torna os idosos mais ativos, e pode melhorar a saúde, o desempenho, a funcionalidade e a qualidade de vida. "Exercícios físicos ativam o hormônio BDNF que previne e ajuda melhorar a depressão", comenta.
De acordo com a pesquisa, manter-se ativo contribui para maior autonomia e consequentemente uma visão positiva da fase vivenciada. "Ao ficar mais em casa, o idoso não busca novas atividades e isso acaba acarretando baixa autoestima, sentimento de desvalia, perda de prazer nas atividades, começando assim a entrar em um quadro depressivo", frisa.
Rede de amizades
Além dos cuidados necessários com a saúde, a socialização e a prática de atividade física são alternativas de prevenção ao transtorno, explica Regiane. "É preciso buscar novas formas para melhorar a qualidade de vida do idoso. Criação de grupos com práticas terapêuticas que oportunizem as trocas com pessoas da mesma faixa etária e atividades que demonstrem a importância de exercícios físicos podem ser algumas alternativas", aponta.
Especialmente, sentir-se acolhido e compreendido, na avaliação da psicóloga, é fundamental. "Ao realizar o questionário, feito com perguntas fechadas, era visível a necessidade dos participantes em verbalizar suas angústias", conta.
Ampliação das redes de cuidado, criação de programas de prevenção à saúde do idoso, conscientização quanto aos hábitos adquiridos, reforçando os impactos negativos da falta de exercícios físicos, do sono irregular e da má alimentação, são algumas das estratégias sugeridas pelo estudo.
Atualmente, existem mais de 14 milhões de idosos no Brasil; a projeção para 2025 será de 32 milhões. "Considerando o crescimento expressivo da população idosa, são importantes o acolhimento e o suporte a esta população por parte dos profissionais da área da Saúde", alerta a pesquisadora.
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