Merenda

Escolas municipais recebem manual de gestão da alimentação escolar

Durante uma semana, equipes diretivas receberam orientações sobre as obrigações administrativas e como incluir o tema alimento e nutrição no contexto escolar

Gabriel Huth -

Nove horas da manhã e o aroma no refeitório da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Doutor Joaquim Assumpção faz qualquer pessoa quebrar os padrões de horário das refeições para devorar um delicioso ensopado de carne moída com legumes e arroz. O almoço preparado pelas merendeiras Eduarda Madruga, 48, e Michele Furtado, 37, já está inserido nos moldes do novo manual sobre condutas relacionadas à gestão da alimentação escolar, apresentado no último mês às equipes diretivas das 61 escolas de Ensino Fundamental e 29 infantis da rede municipal de ensino, além das 16 escolas filantrópicas de Pelotas.

O guia, elaborado pela responsável técnica da Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed), Maria Cristina Cardoso Ramires, e por mais sete nutricionistas, segue as normas do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e, segundo ela, tem como proposta padronizar o atendimento prestado nas escolas municipais que servem diariamente uma média de 31 mil refeições. Pelo manual, o diretor deve observar questões administrativas, como conferir o recebimento, a qualidade e a validade dos produtos, a maneira de acondicioná-los, além do preenchimento da planilha de prestação de contas. Mas o principal foco, segundo Cristina, é inserir dentro do contexto escolar o tema alimentação e nutrição.

O exemplo na prática do que a teoria oferece está no capricho e na higiene do refeitório do educandário de 625 alunos. A obrigatoriedade do uniforme não é problema para as merendeiras. Michele, por exemplo, já participou de cursos e sabe a importância da limpeza e da padronização do local que lida com alimentos. Com a atenção dedicada à merenda escolar, Eduarda sente sua profissão valorizada.

Resistência ao saudável
Por mais que o aroma da comida seja tentador, as merendeiras contam que ainda há muita resistência ao alimento saudável. Eduarda, por vezes, conversa com o aluno para que ele experimente. As frutas são vistas com simpatia, mas as chamadas "porcarias" ainda prevalecem. No curso ministrado às equipes diretivas, Cristina conta que uma das funções dos diretores é convencer os pais de que não há necessidade de mandar lanche. "Na maioria das vezes a merenda é formada por refrigerante e "chips". Aqui, o aluno vai receber uma refeição gostosa e balanceada", frisou Maria Cristina. Para ela, o estudante bem alimentado rende melhor na sala de aula. A responsável técnica lembra ainda que é cada vez maior o número de crianças com patologias ligadas à alimentação. Também por isso o incentivo à educação nutricional é fundamental e deve ser um ato educacional.

Conscientização
A diretora da Escola Municipal de Educação Infantil e Fundamental Dom Francisco de Campos Barreto, Daniela Delamare Tavares, está ciente de que é difícil mudar a cultura do alimento. "Mas é preciso conscientizar com pais e alunos", alerta. O manual chegou em boa hora para as questões burocráticas, segundo ela, com as normas para a realização de aniversários e eventos no educandário, por exemplo.
A diretora comemora a conquista de mais merendeiras para a escola e a preferência da maioria dos 400 alunos pelas refeições. "Todos os dias as profissionais passam em sala de aula para anunciar o cardápio." Daniela ressalta a importância do guia, mas lembra que muitos itens, como a conversa com os pais sobre a alimentação dos filhos, vêm sendo providenciados já desde o ano passado.

Confira alguns tópicos do manual
- Cardápio: este deve ser elaborado por uma nutricionista e exposto à comunidade escolar diariamente
- Horários das refeições: escolas infantis: a partir das 8h - café da manhã; a partir das 9h - fruta; a partir das 11h - almoço; a partir das 14h - lanche da tarde; a partir das 16h - lanche da tarde. Escolas fundamentais: a partir das 9h, a partir das 15h e a partir das 19h
- Recebimento de gêneros: a responsabilidade é da equipe diretiva
- Doações: não devem ser aceitas doações de alimentos vencidos, sem rótulos, lácteos sem refrigeração, carnes sem inspeção sanitária e preparações prontas
- Bar e venda de alimentos: o Departamento de Alimentação Escolar não é favorável. Caso tenha, deve apresentar alvará sanitário
- Alimentação especial: o aluno que apresenta restrições deve apresentar um laudo médico e ser encaminhado pela direção à nutricionista da escola. A partir de então, o educandário irá fazer o pedido de compra de alimentos específicos, como por exemplo leite zero lactose
- Alimento seguro: a escola deve garantir que a refeição servida esteja livre de contaminações
- Cuidados com materiais de higiene: estes devem ser armazenados em local específico
- Prestação de contas: o "mapa", como é chamado, não deve apresentar rasuras ou emendas
- Caixas d'água: o local deve ser higienizado a cada seis meses
- Uniformes: a merendeira e a auxiliar devem estar com touca cobrindo totalmente os cabelos, usar sapatos fechados, sem adornos, ter as unhas curtas e sem esmalte

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