Educação

Evasão de alunos na mira da UFPel

Encontro na instituição debateu o abandono e as causas de desistência pelos estudantes

Jô Folha -

A manutenção do aluno na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) foi tema de debate entre representantes de diversos cursos da instituição. A primeira edição do evento ocorreu na última quinta-feira (28) e partiu da iniciativa de investigar os motivos de evasão ou retenção dos estudantes. Desde o ano passado, a questão entrou em foco, a partir da percepção de que as taxas de desistência eram elevadas por diversos motivos, desde déficit de aprendizagem no Ensino Médio até questões financeiras e de segurança. A demora para concluir a graduação também foi levantada.

Ainda sem números concretos, a Pró-reitoria de Ensino (PRE) organizou as discussões. Segundo a responsável pelo setor, Maria de Fátima Cossio, a ideia é mapear essas taxas na totalidade e desenvolver projetos e ações para enfrentar a questão. “Para que o aluno não consiga só ingressar, mas que permaneça”. Considerando o tema complexo, o vice-reitor Luís Centeno do Amaral explicou que cada aluno personaliza uma situação, e aspectos além dos pedagógicos podem estar por trás do abandono. Através de bolsas e ajudas, como alimentação a preço acessível nos restaurantes universitários, moradia e transporte, a UFPel tem tentado combater nesta frente. Ele garante que no Campus Capão do Leão o ônibus de apoio já começou a mudar essa realidade, pois alunos gastam menos em transporte.

Déficit é uma das explicações nas exatas
O professor Cícero Nachtigall coordena o Grupo de Apoio em Matemática (Projeto Gama) e apontou dados que mostram o Brasil na 66ª colocação dentre 70 países avaliados no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) em Matemática. “O aluno chega (do ensino médio) com uma defasagem elementar muito grande”, explicou. E em alguns cursos da universidade, a média é de 17 cadeiras de cálculo, podendo ir além disso. Conforme reprovações acontecem, tornam-se barreiras e desestimulam o discente. O programa apresentou resultados, mostrando que quem participou dos reforços, obteve maior aprovação.

Outros cursos também apresentaram os projetos que foram iniciados para estimular o aluno a continuar a vida acadêmica. Na Zootecnia, o Projeto Tutorias estimula o contato entre a comunidade, criando laços que extrapolem a vida universitária. No curso de Turismo, foram feitas ações com alunos que jubilam ou ficam infrequentes. As químicas, também com altas taxas de evasão e reprovação, miraram na assistência estudantil. Na forense, por exemplo, foi registrado um índice de 45,7% de abandono, e apenas 22% dos potenciais concluintes se formaram.

Olhar para os cotistas
Além da questão do acesso, a permanência e retenção do cotistasão preocupações. Ao Diário Popular, a coordenadora de assuntos estudantis, Rosane Brandão, comentou que o trabalho iniciado ao longo do ano passado trouxe psicólogos, uma pedagoga e abordou melhor os programas de saúde mental na Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae).

Os alunos da Casa do Estudante Universitário, por exemplo, são acompanhados de perto e os que apresentam aproveitamento abaixo dos 70% são chamados para conversar e recebem orientação. A perspectiva de se formar e encontrar um mercado de trabalho sem grandes oportunidades também assusta alguns, segundo ela. “Nós trabalhamos e identificamos para que ele se sinta capaz de se formar, procurar um emprego”, explica.

O conceito de evasão é difícil de definir, pois cada curso tem suas dificuldades. Alguns alunos trancam, outros deixam de ir e uns trocam de graduação. O responsável pela Prae, Mário Renato de Azevedo Júnior, diz que de quatro a cinco mil recebem recursos da UFPel através de programas de assistências. “Esse seminário é para a gente começar a pensar mais sobre isso”. Nas ações afirmativas, grupos de trabalho e controle também atuam pela manutenção. Alunos que sofrem preconceito passam por cuidados e, quando isso acontece, segundo a chefe deste núcleo, Rosemar Lemos, é feito um trabalho de identificar responsáveis e acolher as vítimas.

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