Debate

Eventos integrados abordam violência contra a mulher

Atividades começam nesta quarta-feira (29) e se estendem até sexta-feira (1º) na UFPel e no Auditório Dom Antônio Zattera

Foto: Divulgação - DP - Ações integradas buscam promover debates sobre o tema e maior visibilidade para os casos

Por Victoria Meggiato
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Começam nesta quarta-feira (29) os eventos integrados de reforço à Campanha Mundial pelo Fim da Violência Contra a Mulher. As atividades estão previstas no IV Simpósio de Gênero e Diversidade, promovido pelo grupo de pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e, dentro da programação, estão o I Seminário do Observatório Nosotras, vinculado à Universidade Católica de Pelotas (UCPel), e o II Seminário Regional de Políticas para as Mulheres do Rio Grande do Sul, da Rede Sul de Garantia dos Direitos de Mulheres e Meninas. O objetivo principal é conscientizar as pessoas e debater sobre um tema muito importante, a violência contra mulheres e meninas. As atividades ocorrem na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e no Auditório Dom Antônio Zattera e se estendem até sexta feira (1º).

Pesquisadoras e professoras das universidades da Zona Sul, representantes de movimentos sociais sobre o tema, conselheiras de direitos das mulheres, associações profissionais, militantes dos direitos sociais e humanos e setores governamentais estarão reunidos para participar dos eventos. "O debate é fundamental para buscar isso, uma unidade entre sociedade civil, universidades, todas as mulheres, pesquisas que trabalhem com esses números, que de repente também tracem algumas campanhas com movimento de mudança de comportamento", diz Diná Bandeira, mobilizadora da Rede Sul de Garantia de Direitos das Mulheres e Meninas e associada do Gamp Feminista.

Dentro da programação estão uma mesa redonda com docentes e pesquisadoras com o tema "Violência Contra Mulheres e Meninas na Região Sul do Rio Grande do Sul e Fronteiriças" e uma palestra ministrada pela diretora nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política no Ministério das Mulheres, Carla Ramos. O evento é gratuito e as ações são abertas ao público, as organizadoras pedem apenas um quilo de alimento não perecível que será destinado à doação. As atividades desta quarta à tarde e noite estão com vagas abertas e as inscrições podem ser feitas no local. O IV Simpósio está com as inscrições encerradas.

Importância do debate

A promoção desse tipo de evento é fundamental para que haja visibilidade no assunto e debates públicos com essa temática, pois a violência de gênero tem aumentado no país nos últimos anos. Márcia Alves, professora da UFPel e líder do grupo de pesquisa de gêneros, afirma que falar sobre isso é muito importante. "Esse tipo de evento se propõe a ser um espaço onde possibilite que se olhe com muita atenção para essa realidade", relata. Atividades desse tipo ainda direcionam para ações que busquem minimizar a violência. Para Márcia, conscientizar começa desde a formação. "Os ambientes universitários, os ambientes escolares, enfim, a escola de uma forma geral é um espaço privilegiado porque pode oferecer ferramentas importantes para tratar dessa situação, que é o conhecimento", destaca. Ainda de acordo com ela, as instituições podem preparar as futuras gerações para diminuir os casos, no entanto, as violências que ocorrem hoje precisam ter uma resposta. "As políticas públicas são uma grande forma de ações que podem minimizar esses tristes eventos".

Em sua quarta edição, o Simpósio de Gênero e Diversidade tem como tema a defesa da democracia. O evento contará com palestras, mesas-redondas e apresentação de trabalhos com temas como feminismo, diversidade, movimentos sociais, participação política, direitos LGBTQIA+, antirracismo e interseccionalidade.

Dados que assustam

Em um boletim divulgado pelo Observatório Nosotras em agosto, foram analisados os dados de práticas que envolvem a violência contra a mulher. O documento mostra um recorte com foco central nos 22 municípios integrados no Conselho Regional de Desenvolvimento da Região Sul (Corede). A coordenadora do Observatório Nosotras, Vini Rabassa afirma que os dados foram divulgados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública, mas que nem sempre esses números correspondem com a realidade. "Pressupõe-se que, de fato, os números de violência, tanto de abuso sexual, quanto de estupro, tentativas de feminicídio, feminicídio consumado, possam certamente ser maiores do que aqueles que são oficialmente registrados".

De acordo com o boletim, a violência contra as mulheres é um problema alarmante constatado em todos os municípios. O primeiro semestre de 2023 registrou, na comparação com todo o ano passado, 59,3% do total de casos de lesão corporal e 62% dos casos de ameaças. Somente em Pelotas, até agosto, já haviam acontecido dois feminicídios e 36 casos de estupro. A cidade encabeça a lista dos municípios mais violentos da região quando as vítimas são mulheres, principalmente ao analisarmos a violência sexual.

Ainda segundo Vini, são vários os motivos de alguns casos não serem divulgados. "Às vezes a violência não consegue ser classificada como violência de gênero, às vezes a família não registra, e uma série de outros motivos. Então, se pelos números se evidencia uma tendência ao crescimento, lamentavelmente pensamos que, de fato, a violência pode ter um crescimento ainda maior", explica.



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