O movimento em bares começa a voltar ao Laranjal, mais precisamente à avenida Adolfo Fetter, depois de uma parada geral dos frequentadores de estabelecimentos nas praias, por causa das blitze. Lugares para happy hour surgem como opções para os finais de tarde e início de noite, e ganham o gosto das pessoas. Tem lancheria, cafeteria e choperia com parrilla e sanduicheria, além de festa, para quem quer espichar a diversão.

A solução encontrada para quem gosta de saborear uma cerveja ou chope artesanal ou, ainda, outras marcas mais tradicionais, é eleger o motorista da rodada, usar os serviços de Uber e de táxi. Se morar perto tem a opção de ir caminhando para casa ou ainda de bicicleta. Para quem não consome bebida alcoólica, dirigir não é problema. O proprietário do Piratas Beach, Daniel dos Anjos, conta que iniciou com a loja de conveniência e percebeu que a área era carente de um local para happy hour.

Iniciou despretensiosamente com o estabelecimento em um contêiner e acabou identificando a oportunidade de ampliar o mix, locou o terreno ao lado e instalou o Piratas Deck com a proposta de oferecer mais conforto e lazer à clientela. Até então vendia só cerveja artesanal. Montou uma estrutura para 500 pessoas e sublocou espaços para alimentação. Em apenas dois dias fechou com os parceiros.

O movimento surpreendeu a todos e comprovou a carência detectada pelo empresário. As pessoas realmente queriam aproveitar o verão se não na praia, perto dela, em locais aprazíveis. Funciona das 19h à meia-noite, indo até a 1h nos finais de semana. Daniel conta que seguidamente os clientes que vão de carro e decidem tomar chope ou cerveja deixam seus veículos no estacionamento da casa, vão embora de Uber e voltam no dia seguinte para buscá-los.

“As blitze continuam acontecendo, mas as pessoas estão mais conscientizadas”, ressalta, ao acrescentar que tem contabilizado a presença de uma média de 300 pessoas ao dia. Desde que abriu, em apenas dois dias não teve movimento e porque choveu. Para evitar novos contratempos vai colocar uma bolha para cobrir a área. “Estamos trabalhando forte e felizes com o resultado. Em um mês vendemos quatro mil litros de chope”, afirma.

Convivência familiar
Um dos frequentadores do comércio da avenida Adolfo Fetter, o empresário Marcel Mezzari, 41, mora há 25 anos no Laranjal e recorda a vida noturna que havia antes nos balneários. Conta que tinha o hábito, às tardinhas, de parar na loja de conveniência do posto a caminho de casa para comprar cerveja e levar. Com a inauguração de novos espaços passou a parar e desfrutar deles. Gostou tanto que passou a levar a esposa e a filha, pois os ambientes são familiares. “Saio da academia e venho. Já vim até de pijama no inverno. É uma lugar que proporciona essa intimidade”, fala, ao se referir à loja que vende cerveja artesanal.

O casal Sabrina Gomes, 38, enfermeira, e Daniel Duarte, 43, médico, também costuma ir com as filhas para o deck. “Elas aproveitam também”, fala a mãe, ao contar que também são moradores do Laranjal.

O também médico Alexandre Britto, 71, é vizinho do comércio que se estabeleceu pela Adolfo Fetter. “É um modelo novo de negócio que se via em outras cidades, com mais de uma empresa no mesmo espaço físico. É bom porque aumenta o leque de opções”, diz.

Propostas novas
Sócio-proprietário da sanduicheria, Manoel Franco vive uma experiência muito positiva, de ser um entre os demais microempresários do complexo gastronômico. “Está sendo muito bacana. Os investidores compactuam da mesma ideia e a convivência é excelente, bem família”, descreve, entre um atendimento e outro, porque o movimento pelas 20h já é grande.
Proprietária da cafeteria aberta há três anos, Carla Maia Garcias é pioneira na instalação de estabelecimento comercial gastronômico com lugar para sentar na avenida Adolfo Fetter. É dona também da floricultura que funciona ao lado e conta ter trazido para Pelotas a ideia de Porto Alegre, onde ambos os segmentos funcionam com a mesma proximidade.

É uma forma de atrair o público, de um estabelecimento para outro. Quem frequenta a cafeteria ainda pode desfrutar de um espaço ímpar junto à natureza, pois as mesas e cadeiras estão ao fundo, em meio a uma área rica em vegetação. O barulho lá é apenas dos pássaros e, da mesma forma, é grande o número de pessoas que param no local quando se dirigem para o Laranjal.

Fiscalização continua
Pelo menos uma vez por semana tem fiscalização na avenida Adolfo Fetter, adianta o secretário de Transportes e Trânsito, Flávio Al Alam. A STT desenvolve o trabalho normalmente e comprova que a incidência de pessoas dirigindo alcoolizadas reduziu. “Antes, de 80 a cem fiscalizados, 10% haviam ingerido bebida alcoólica. Hoje caiu para de 1% a 3%, no máximo”, informa.

Al Alam fala que as pessoas estão mais conscientes de sua responsabilidade no trânsito e se vão dirigir, não bebem. “Deixam o carro em casa, vão de Uber, de táxi. Não tenho dúvida da mudança de comportamento”, afirma o secretário. Segundo ele, as blitze são feitas de uma a duas vezes por semana, o que é pouco até. Aos domingos e feriados, contudo, um ponto contínuo de policiamento e fiscalização é mantido na avenida Adolfo Fetter.