Saúde
Muitos problemas na UBS Bom Jesus
Eles não resumem ao arrombamento ocorrido há sete dias; faltam, por exemplo, nove medicamentos para distribuição gratuita
Paulo Rossi -
Seis dias depois do arrombamento e do incêndio na Unidade Básica de Saúde (UBS) Bom Jesus ainda há atendimentos suspensos. Um pequeno cartaz escrito à mão, entretanto, revela problema amplo, que nada tem a ver com os episódios da semana passada. Faltam pelo menos nove medicações para distribuição. E o pior: não há data certa para os remédios estarem de volta nas prateleiras.
A escassez se repete em todas as seis farmácias distritais de Pelotas. Não são, portanto, apenas os moradores da vila Bom Jesus, no bairro Areal, que sofrem sem a possibilidade de retirar os medicamentos. Ao todo, 40 itens dos 198 que integram a lista básica não estão à disposição da comunidade.
“Acreditamos que até o final de março esteja tudo normalizado”, projeta a diretora de Ações em Saúde, Eliedes Ribeiro. E para explicar as razões, a enfermeira destaca o empobrecimento da população, que teria passado a retirar pelo Sistema Único de Saúde (SUS) medicações até então adquiridas em estabelecimentos privados.
E enquanto os estoques se mantêm deficientes, a cada dia mais alguém perde viagem e se força a fazer contas para verificar se a compra do que está na receita cabe ou não no orçamento. “Vou ter que tirar das minhas moedinhas. A minha filha tá em casa com uma inflamação, precisando de antibiótico”, lamenta a aposentada Dulga Braga, 74, após pegar dois ônibus para chegar à UBS Bom Jesus e conferir: não há amoxicilina de 500 mg à disposição.
Organização geral
Na segunda-feira pela manhã permanecia o processo de limpeza. Desde a mais pesada, em paredes e forros. Até a mais delicada, que provocou o descarte de materiais, como agulhas, sugadores e anestésicos nos consultórios odontológicos. Pelo menos um deles permanecia paralisado, sem hora certa para retomada.
Um bilhete afixado no saguão anunciava: Farmácia fechada até estar em condições de trabalho!!! Do lado de dentro, a própria farmacêutica envolvia-se na limpeza, para remover a fuligem que se espalhou por todos os cantos. De prateleiras a gavetas.
Informações extraoficiais dão conta de que dias antes do incêndio ocorrido na madrugada de 15 de fevereiro, vazamentos de água em outras tomadas do prédio indicariam problemas na rede elétrica. Um outro curto-circuito também já teria sido registrado na mesma tomada que voltou a dar problema na semana passada, na Sala da Administração, onde está instalado o alarme que disparou.
De modelo a alvo de antigas queixas
A UBS Bom Jesus, reinaugurada em 24 de janeiro de 2015, como modelo à rede básica - e primeira unidade da Rede Bem Cuidar em Pelotas -, passa a sofrer algumas das mesmas e velhas críticas que se aplicam às UBS do campo e da cidade: a escassez de fichas.
“É um absurdo que a gente precise ir para fila lá pelas quatro, cinco horas da manhã, perigando ser assaltado, para poder garantir atendimento”, desabafa a moradora Clair Fonseca, 52. “Depois eles reclamam que o PS fica cheio”, reforça.
A decisão da Secretaria de Saúde de encerrar com o turno da noite também tem provocado queixas. Relatos da comunidade e também de profissionais da própria UBS indicam que o fato de as portas fecharem no final da tarde, na prática, não se transformaria em grandes prejuízos aos moradores. Não raro, a Unidade permanecia aberta, mas sem médico de prontidão para os atendimentos.
A diretora de Ações em Saúde, Eliedes Ribeiro, garante que as quatro equipes do Programa Estratégia Saúde da Família (ESF) - com capacidade para abranger mais do que as cerca de 11,5 mil pessoas atendidas pela Unidade -, que devem atuar fortemente em prevenção, e a proximidade com a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), 24 horas, seriam suficientes para suprir a falta de expediente noturno.
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