Avenida

O risco de ir e vir na Duque de Caxias

Moradores da região reclamam da alta velocidade dos veículos e da falta de sinalização para os pedestres

Jô Folha -

São apenas 50 metros que separam o condomínio do aposentado Fábio Duarte, 87, do mercado que fica em frente, do outro lado da praça 20 de Setembro, no Fragata, em Pelotas. Porém, a cada vez que ele precisa sair de casa para uma simples compra precisa se preparar para a aventura que é atravessar a rua. Sem faixa de segurança ou redutores de velocidade em boa parte da sua extensão desde que iniciaram as obras de requalificação, a praça e a avenida Duque de Caxias viraram território perigoso para os pedestres.

Em obras desde abril de 2016, a via que se estende por pouco mais de cinco quilômetros desde a rua Professor Araújo até a BR-392 tem sido cenário de um número preocupante de atropelamentos em 2018. Enquanto em 2016 e 2017 foram registrados dez acidentes do tipo - cinco por ano -, somente nos primeiros meses de 2018, Duque e praça 20 de Setembro já somam quatro pessoas atingidas por veículos. Uma delas é um idoso de 84 anos, morador do Condomínio Ana Terra, que, a exemplo de Duarte, também costuma ir sozinho ao mercado e em uma dessas saídas, no dia 10 de fevereiro, foi atropelado. Agora trocou a liberdade de ir e vir pelo tratamento, em Porto Alegre, das duas fraturas nas pernas.

Síndico do Ana Terra, Ornei Garcia da Silva, 48, reclama da insensibilidade da prefeitura diante do risco que os pedestres estão correndo diariamente. "Antes das obras havia aqui uma faixa de segurança e já era perigoso, quase ninguém respeitava. Agora, colocaram o recapeamento e nunca mais se preocuparam com outra faixa", protesta. Diante dos insistentes pedidos por sinalização e colocação de redutor de velocidade na via, organizou um abaixo-assinado que será entregue nesta quinta-feira (15), quando espera ser recebido pelo vice-prefeito Idemar Barz (PTB).

Com apartamento na Duque e usuária tanto como motorista quanto como pedestre, a psicóloga Letícia Cavalcante, 40, elogia a melhoria para os veículos. "O problema é esse: só está bom para os carros. A todo momento a gente vê alguém sofrer um acidente aqui e a maioria deles acaba nem sendo feito boletim de ocorrência." Assim como outros moradores da região, a queixa também é pela falta de fiscalização à alta velocidade dos motoristas.

Trabalho em andamento e pouco recurso
A insegurança para pedestres na Duque de Caxias e na praça 20 de Setembro é admitida pelo secretário de Transportes e Trânsito, Flávio Al Alam. Contudo, ele ressalta que a ausência de sinalização é momentânea e deverá estar resolvida em até duas semanas. Segundo ele, o trabalho de pintura com tinta termoplástica - de maior duração - já está sendo executado pela empresa responsável pela requalificação da via a partir da BR-392 em direção ao Centro.

Sobre o pedido para instalação de faixas de segurança elevadas para forçar a redução de velocidade dos veículos, Al Alam afirma que, apesar de ser uma boa solução que funcionou onde aplicada, a STT não possui dinheiro para executá-la. "Tenho pedidos de todas as vias da cidade, de todos os condomínios. Temos essa preocupação, mas no momento é impossível fazer tudo que é solicitado", justifica. O secretário também indica dificuldades em manter agentes cuidando do trânsito na Duque. Na sua avaliação, a avenida é muito extensa, o que inviabiliza a presença de fiscais atentos a todos os trechos.

Enquanto o problema continua, quem dá a dica para fugir da ameaça de atropelamento é Duarte, o aposentado do início da reportagem. "Com a faixa de segurança eu levantava o braço e fazia o povo parar o carro. Agora o jeito é ter paciência e esperar, não bancar o herói."

O risco em números

TABELA_3

* Fonte: Brigada Militar
** Dados atualizados até o dia 12 de março

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