Por João Pedro Goulart
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(Estagiário sob supervisão de Lucas Kurz)

Aplicada em dois domingos, 5 e 12 de novembro, a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 está chegando para 3,9 milhões de brasileiros, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Destes, 159.734 participantes estão confirmados no Rio Grande do Sul, que representa 4,1% do total. Em Pelotas, 10.057 inscritos se preparam para a prova que é a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, e utilizada por instituições públicas e privadas para selecionar os alunos que ingressam na faculdade.

O exame é composto por quatro provas objetivas e uma redação. Neste domingo, primeiro dia, os participantes farão questões de Linguagens e Códigos, Ciências Humanas e a redação. Na semana que vem, Ciências da Natureza e Matemática são as áreas aplicadas, com 45 questões em cada. Neste ano, a prova vêm com uma novidade. É a primeira vez, desde 1998, que ela será impressa em cores, com o objetivo de elevar o nível de inclusão para deficientes visuais e tornar a prova pedagogicamente mais dinâmica.

Esse fato anima Cesar Veleda, de 22 anos, que irá fazer o exame para o qual se prepara há três meses. Estudante de Jornalismo, ele decidiu trocar para Ciência da Computação. Quanto ao Enem, está em alerta para alguns pontos inerentes à primeira edição em cores. Conta que há possibilidade do tema da redação ser ligado à representatividade da bandeira LGBT ou à população que sofre com deficiência visual. "Pautas ambientais também podem vir, porque não vêm há muito tempo, e as pautas de cidadania", atentou o estudante.

As cores, pioneiras nesta edição, fazem Amanda Machado, de 17 anos, acreditar em uma presença maior de gráficos e imagens anexas às questões. "Talvez usarão estas cores na área da Geografia ou em gráficos na área da Matemática", pressupõe a estudante, que sonha em entrar para o curso de Medicina. Para tanto, ela se prepara desde maio no curso pré-vestibular do Michigan, onde treina com questões de provas antigas e simulados.

Dicas
Professor de Geografia no curso do Michigan, Cristiano Amorim, conta que trabalhou com os alunos a partir do edital da prova, com os conteúdos que ali estão dispostos. "A prova vai seguir os padrões normais dos outros anos de Enem, discutindo bastante as relações sociais, os problemas antrópicos, gerados pelo próprio homem com relação ao meio ambiente, saúde, relações sociais, políticas", destacou.

O professor recomenda que os participantes vivam o dia do exame normalmente, acordando cedo, se alimentando de maneira adequada e evitando criar novas rotinas. Se aproximando do momento da prova, chegar com um hora de antecedência ao local é uma boa dica. Amorim alerta para levar caneta preta transparente e não esquecer da água, já que se trata de uma prova prolongada, com a redação no primeiro dia. "Não é obrigado a levar o cartão de inscrição, mas é importante para saber se está no lugar de prova certo, e levar o documento de identidade", lembrou.

Preparo
Othavio Mota, de 18 anos, se preparou durante o ano inteiro com ajuda do cursinho. Diz se sentir pronto, contando que produziu uma redação por semana desde o início dos estudos. Pretendendo cursar Fisioterapia, ele exercitou, além da escrita, a parte da matemática, através da resolução de questões de outras edições.

Em relação às exatas, segundo o professor Joel Rodrigues, do Michigan, geometria plana e geometria espacial são assuntos que tradicionalmente cobrados na prova, ficando atrás apenas da matemática básica. "Só de geometria dá para esperar, em média, seis questões", diz. Além disso, ele prevê pelo menos uma questão de análise combinatória, uma de estatística e uma de probabilidade.

No mais, Othavio aconselha outros participantes a cuidarem do corpo e mente para um melhor desempenho no Enem. Por ser uma prova longa, entende que é importante não comer nada muito diferente do habitual para evitar o risco de maiores problemas. Além disso, ele indica a realização de exercícios físicos durante a semana para controlar melhor a parte mental e liberar a ansiedade. "Ficar com o bem-estar em dia e estar bem da cabeça", destaca.

O aluno acentua um problema comum para a maioria que faz o Enem, a ansiedade. Segundo o professor Amorim, o sentimento é causado pelo enfrentamento de uma prova anual, que dá a chance única de atingir uma boa nota. No entanto, lembra que deve pensar positivo e confiar no próprio potencial, tendo em mente que, ainda que seja uma prova única, não é a primeira vez que os conhecimentos do estudante são testados. "Para chegarem no Enem, eles já participaram de diversas provas em escolas e simulados", comentou o professor.

Conteúdo
Raul Rodrigues também é professor de geografia no Michigan. Com relação ao conteúdo, ele ressalta que uma característica forte da prova é a multidisciplinaridade. Isto porque, geralmente, os alunos precisam relacionar geografia, biologia e química, por exemplo, em uma mesma questão, o que exige o entendimento das ciências em relação à sociedade.

Para ele, a maior dificuldade da prova é a gestão de tempo. Uma questão mais difícil pode levar mais tempo para ser feita e disparar um gatilho de ansiedade no participante. Neste caso, o aluno deve manter a tranquilidade, pois o tempo perdido pode ser recuperado em questões mais simples. O professor indica uma estratégia. "Começar pela redação, para conseguir ao longo da prova esvaziar a ansiedade da cabeça."

Serviço
As provas do Enem 2023 começam às 13h30min pelo horário oficial de Brasília, e terminam, no primeiro dia, às 19h, e no segundo dia, às 18h30min.