Prevenção

Um mês de alerta vermelho

Pelotas marca nesta sexta o Dia Mundial de Luta contra a Aids; no município, de 2011 a 2016, 1.257 casos foram registrados entre o vírus e a doença

Gabriel Huth -

O alerta é vermelho nesta sexta-feira, em todo o mundo. O dezembro é vermelho, em todo o país. O motivo: a necessidade de intensificar as ações de prevenção de HIV-Aids. A estimativa é de que, em 2016, cerca de 830 mil pessoas eram soropositivas no Brasil - apontam dados do último Relatório de Monitoramento Clínico do HIV. Em Pelotas, só entre 2011 e 2016, 1.257 casos foram registrados entre a confirmação do vírus e a manifestação da doença. Mais de 34,1% dos casos concentrados na faixa etária entre os 25 e os 34 anos. 

As estatísticas, entretanto, estão longe de representar a realidade. A subnotificação ainda é um dos inimigos para que o governo possa definir - com mais clareza - as políticas que serão desencadeadas para prevenção e combate. Quem destaca a preocupação é a chefe do Departamento de Vigilância Epidemiológica de Pelotas, Maria Regina Reis Gomes. “Temos falhas de notificação e as estatísticas são a base para o nosso planejamento. Por isso, periodicamente, realizamos capacitações com as equipes de saúde para defender a importância de que essa informação chegue”, enfatiza a enfermeira.

Afinal, já existem as situações em que os cidadãos desconhecem ser portadores do vírus. Não há sentido, portanto, que aqueles casos em que os diagnósticos são confirmados não passem a compor oficialmente o sistema. É um compromisso que passa por todas as pontas: hospitais, ambulatórios, Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Pronto-Socorro, Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Unidade Básica de Atendimento Imediato (Ubai)... O comprometimento precisa ser geral.

Avanço por um lado, alerta pelo outro
O avanço no tratamento e a qualidade de vida dos soropositivos são pontos a comemorar. Não há dúvida. Por outro lado, esses mesmos aspectos favoráveis, conquistados ao longo das últimas décadas, fazem disparar um alerta: a falta de cuidado das novas gerações, principalmente, com o sexo seguro. Certos de que não receberiam uma sentença de morte - ainda que o resultado do exame fosse positivo -, não raro, os jovens passam batido pela prevenção.

E é uma conduta que, infelizmente, não ocorre apenas com a Aids - analisa Maria Regina. E, o pior: doenças, até então, erradicadas, como a poliomielite e o sarampo correm o risco de retornar com força ao cenário. É o mesmo que se passa com o HIV-Aids. “Se descuidar, a gente volta a ter uma epidemia.”

Testes rápidos. A procura pelos testes rápidos tem crescido em Pelotas. Só neste ano, até o mês de setembro, 7.714 exames foram realizados; 136 com resultado reagente.

Preconceito persiste e corrói
O pelotense de 55 anos convive desde 1986 com o diagnóstico. São 31 anos de uma certeza: o preconceito ainda existe. E machuca. E para que outras pessoas saibam a quais serviços recorrer e conheçam seus direitos, desde 2008, Oliveira ajuda a representar a Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids (RNP) em Pelotas.

É tempo suficiente para reforçar outra convicção: “Não podemos falar nesse tema apenas no dia 1º ou só no mês de dezembro. Os materiais de divulgação não foram feitos para ficar dentro de gaveta”, afirma. E ainda que as informações sobre formas de contágio e adesão ao tratamento circulem com mais facilidade, hoje, ainda há quem desconheça alertas básicos.

“Fui dar uma palestra e soube de um casal que engoliu o preservativo, achando que era a forma correta de se prevenir”, garante. E confirma: ainda que pareça, o episódio não é piada. É a certeza de que os debates precisam ser disseminados ao longo do ano todo.

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