Saúde

Usuários da UPA Areal reclamam de demora para atendimentos

Em algumas ocasiões, o tempo de espera fica próximo de cinco horas

Foto: Jô Folha - DP - Usuários reclamam do tempo para receber atendimento na UPA Areal

Por João Pedro Goulart

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(Estagiário sob supervisão de Lucas Kurz)

O atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Areal vem sendo alvo de reclamações constantes. Os protestos são decorrentes de um tempo de espera demasiado que os pacientes têm enfrentado para consultar com um médico na unidade. Conforme relato da maioria das pessoas que precisaram do serviço, o maior obstáculo na solução do problema é a pouca quantidade de médicos presentes na unidade. Além disso, há um número grande de cidadãos que procuram o local em situações que poderiam ser resolvidas em Unidades Básicas de Saúde (UBSs), muitas vezes por encaminhamento das próprias equipes, e isso pode sobrecarregar o atendimento.

Um dos casos que mais chama a atenção é o que conta Gabriel Couto. O vigilante de 36 anos sofria com uma dor de garganta, febre e dores constantes no corpo, quando decidiu buscar ajuda na UPA. Mesmo com uma ocupação quase que máxima, deu entrada na unidade por volta das 11h, e aguardou. Já passava das 15h quando o homem desistiu de tentar o atendimento e decidiu pagar a consulta particular. "Há seis meses, minha avó foi atendida rapidamente, e eu presenciei as pessoas chegando e sendo atendidas sem muita demora. Mas de um tempo para cá, o atendimento ali está muito demorado", relatou Couto.

Para ele, a falta de médicos ocasionou a situação. "Precisa aumentar os médicos, pois é desumano ficar quase cinco horas com dor e não ser atendido", completou. Compartilhando da mesma opinião, uma paciente que preferiu não se identificar, de 24 anos, também acredita que o problema esteja relacionado principalmente ao escasso quadro de médicos disponíveis na unidade. A incerteza quanto a demora a deixa apreensiva. Como levou o filho, e ainda não sabia o que ele tinha, fica nervosa enquanto o tempo passava. "Ele tava fraquinho, quase desmaiando. Tenho medo que passe mal", afirmou.

Alguns pacientes contam que, independentemente do momento do dia, e quase em todos eles, os bancos da sala de espera estão completamente lotados, com algumas raras exceções. Isso era evidenciado pela extensa fila de pacientes aguardando atendimento ontem.

A demora fez com que alguns precisem apelar para a consulta particular. É o caso de Janete Pires, de 40 anos, mãe de uma menina que enfrenta problemas de estômago reiteradas vezes. Em certa ocasião de crise da pequena, foi até a UPA, e recebeu a informação de que o atendimento demoraria cerca de quatro horas. Preferiu, então, aderir ao médico privado. "Não pude deixar minha filha sofrendo", contou.

Explicação do Município

Em nota, a Prefeitura diz que a UPA Areal é uma unidade de acolhimento 24h para urgência e emergência, com capacidade instalada para atender entre 150 e 200 pacientes por dia. Todavia, de acordo com Roberta Paganini, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), atualmente tem atendido mais de 250 usuários diariamente. Todos os pacientes passam por triagem, recebendo classificação de risco por cores (vermelho, amarelo, verde e azul), segundo a gravidade e conjunto de sinais e sintomas. Pacientes classificados de risco azul não possuem prioridade de atendimento, devendo buscar as Unidades Básicas de Saúde (UBS), por apresentarem quadro de saúde de menor gravidade.

Segundo a Prefeitura, as reclamações de espera - via de regra - são dos pacientes que deveriam buscar a UBS (risco azul), mas que buscam a porta da urgência e emergência. Assim, aumentando a espera e gerando reclamações por questões de manejo mais simples, como por exemplo, renovação de receitas médicas, que não deveriam ser realizadas em pronto-atendimentos.

Por outro lado, as UBSs

Janete Pires, usuária constante das estações de atendimento, revela que a situação na UBS também não é a melhor. O cruzamento de informações entre UBS e UPA quanto ao atendimento infantil deixa a mulher confusa. "A gente vai no postinho, e dizem que não tem pediatra para a criança. Só o clínico, mas ele não atende. Então, mandam vir para cá (UPA). Aqui falam que também não tem pediatra, mas o clínico atende criança", disse.

Ao conversar com mais usuários da rede pública de saúde, é possível perceber que o encaminhamento de pacientes à UPA, por parte das UBSs, é recorrente. Ontem, Gerusa Silveira, de 41 anos, sofria de dores fortes no corpo enquanto aguardava o atendimento médico desde às 9h. Seu relato foi registrado em torno das 14h. "Disseram que tinha que vir para cá, porque o posto não tem médico", assegurou a mulher.

A SMS sobre profissionais da Saúde

Segundo a Prefeitura, nos meses de junho, julho, agosto, setembro e outubro houve o incremento de mais um profissional médico para suprir a demanda do inverno, situação que cessou em 31 de outubro, visto ser um reforço pontual que anualmente é organizado como parte da estratégia de enfrentamento ao inverno.

As UBSs

A secretária de Saúde destaca que atualmente a maior parte das unidades básicas - com exceção de alguns casos na zona rural ou com profissionais em férias ou licença - estão com médicos e equipes completas. "Além disso, fizemos, recentemente, uma mudança na Atenção Primária ampliando as UBAIs e hoje são três UBAIs que funcionam das 18h à meia-noite. Essas duas mudanças são ações que tomamos tentando diminuir esta sobrecarga da UPA. Além disso, desde abril do ano passado, tiramos as fichas da Atenção Primária, o que amplia o acesso. E este ano, também, reorganizamos os atendimentos nas unidades, para organizar melhor o serviço e poder voltar a ter um foco na promoção e prevenção à saúde, assim o turno da manhã está mais voltado ao atendimento de pacientes agudos e o turno da tarde para os programas de acompanhamento, monitoramento, promoção e prevenção à saúde", diz.

A gestão da UPA elaborou folders e banners orientando a vocação de cada serviço de saúde. No ato da abertura de ficha de atendimento a recepção também tem orientado os pacientes a buscarem a sua UBS de referência, como forma de evitar a sobrecarga do serviço de emergência com situações menos graves.

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