Eduardo Allgayer Osorio
As novas tecnologias e tendências do agro
Eduardo Allgayer Osorio
Engenheiro agrônomo, professor titular da UFPel, aposentado
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Previsões feitas sobre o crescimento da população mundial apontam que no ano 2050 teremos dez bilhões de pessoas vivendo na Terra, circunstância que requererá dobrarmos a atual produção de alimentos. A alternativa de aumentar a área cultivada para suprir tal demanda guarda problemas. Países onde a agricultura é mais desenvolvida, como os da União Europeia, da América do Norte e do Sudeste Asiático, já ocupam quase todos os espaços disponíveis para essa finalidade, restando ao agro brasileiro a tarefa de aumentar o volume produzido em pelo menos 40% do que hoje colhe. E isso inevitavelmente demandará o uso de tecnologias que otimizem o agronegócio, visando produzir mais, com menores custos e de forma sustentável, tarefa somente viável usando a moderna tecnologia agronômica.
Estima-se que cerca de 70% das propriedades agrícolas brasileiras (dentre as que realmente pesam na produção final) já utilizam algum sistema digital para substituir o trabalho braçal (agricultura 4.0), reduzindo a ociosidade das máquinas e melhorando a gestão dos processos produtivos e o controle dos sistemas administrativo, contábil e financeiro, com ganhos na produtividade e redução nos custos. O agro brasileiro tornou-se um modelo de eficiência produtiva.
Surgida com a consolidação das tecnologias de geolocalização por satélite (GPS), a agricultura de precisão conta com sistemas de altíssima exação no mapeamento do terreno, por sensores que coletam dados a cada segundo, em cada centímetro de plantio, processados por softwares de comando autônomo, à distância, em tempo real. Semeadeiras, pulverizadores e colheitadeiras providos com inteligência embarcada geram quantidades massivas de dados sobre a disponibilidade de nutrientes no solo, a acidez, a umidade, a compactação e outros, identificando de forma autônoma e inteligente o que acontece em cada porção do terreno para aplicar adubos e defensivos apenas onde se fazem necessários, nas devidas quantidades, com ganhos na economia de insumos e na redução dos danos ambientais. Imagens coletadas por drones munidos com sensores identificam o ataque de pragas e doenças acionando os comandos de aplicação de inseticidas, fungicidas e outros defensivos apenas nos pontos cruciais, de forma restrita e precisa. Algoritmos diferenciam com precisão milimétrica as ervas daninhas que infestam as lavouras, aplicando o herbicida apropriado apenas nelas.
Usando a Internet das Coisas (IoT), máquinas agrícolas conectadas umas às outras por inteligência artificial decidem de forma autônoma os procedimentos a adotar enquanto operam.
Tantas ferramentas digitais operando em conjunto exigem a coordenação por softwares e aplicativos de gestão, em plataformas dinâmicas que apontam os procedimentos a empreender, as quantidades de insumos a utilizar, as opções de aquisição destes e a automação na emissão de notas fiscais, já calculados os tributos a pagar (marketplace).
São avanços tecnológicos já adotados em porção significativa do agronegócio brasileiro, antecipando-se a outros setores econômicos nacionais, menos progressistas. Se os automóveis autônomos, viajando sem condutor por vias inteligentes, continuam em testes, na agricultura brasileira tratores e colheitadeiras autônomas já operam rotineiramente.
O agronegócio brasileiro, tão frequentemente demonizado na mídia nacional e pelo governo federal, dá ao mundo exemplos de protagonismo e eficiência.
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