Centenas de municipários de Pelotas se manifestaram em frente à Prefeitura no começo da tarde desta quinta-feira (16). A pauta do protesto é o atraso de uma semana no pagamento dos salários dos servidores e o temor por mais atrasos nos próximos meses. A tarde de paralisação foi decidida em assembleia da categoria na segunda-feira (13), quando os trabalhadores do Município lotaram o auditório do Colégio Pelotense. No mesmo dia, a Prefeitura anunciou o pagamento dos salários que ainda não haviam sido pagos, em cumprimento a decisão judicial.

Apesar de todos terem recebido seus salários, a insatisfação e a indignação continuam em meio aos servidores, que viram suas contas atrasar ou precisaram recorrer a empréstimos assumindo o ônus dos juros e IOF. O presidente do Sindicato dos Municipários (Simp), Tiago Botelho, liderou a manifestação e reiterou que sindicalizados que se sentiram prejudicados pelo atraso ou pela necessidade de empréstimo podem judicializar em busca de ressarcimento.

"As decisões judiciais destacam que os salários devem ser pagos e mantidos em dia, não só este referente a outubro, mas nos próximos meses, incluindo o 13º salário", diz Botelho. Em fala incisiva aos manifestantes, o presidente do sindicato classificou o atraso como má administração da Prefeitura. "O objetivo de ter uma paralisação mesmo estando com os salários hoje em dia, é para mostrar não só ao Executivo, mas para a comunidade pelotense, que conforme o despacho da desembargadora e do juiz, dentre todos os credores da Prefeitura, o prioritário é o servidor público, porque é ele que garante os serviços à comunidade", considera.

José Coutinho, professor de Educação Física na rede municipal, não foi afetado pelo atraso salarial, mas esteve na manifestação em solidariedade aos colegas que ficaram sem receber. "A Prefeitura tem uma má gestão financeira, isso já é óbvio", avalia. "O agiota do funcionário público é o Banrisul. Qualquer problema que a Prefeitura tem, fazem a gente fazer um empréstimo. A gente acaba caindo numa bola de neve", reclama.

Relembre

O adiamento dos pagamentos foi anunciado pelo Executivo no dia 31 de outubro, quando o governo comunicou que apenas 72% da folha receberia o pagamento em dia no quinto dia útil, ou seja, no dia 8. Em nota, a Prefeitura afirmou que, para o pagamento na segunda, foram direcionados recursos que seriam utilizados para quitar outras despesas, além de valores recebidos através do IPTU.